sábado, 29 de novembro de 2008

Conversa da treta

Jerónimo de Sousa, há pouco mais de um mês, em declarações à imprensa, surpreendeu ao propor "uma convergência das esquerdas" a todas as "forças políticas, forças sociais, personalidades que se identifiquem com a necessidade de ruptura", sublinhado com um "nós não excluímos ninguém" para incluir o Bloco de Esquerda, numa "alternativa de esquerda" destinada a romper com a política do PS.

Agora, na intervenção de abertura do XVIII Congresso do PCP, Jerónimo de Sousa, se dúvidas houvesse, vem mostrar que é um político falso, como tantos outros e que afinal aquela proposta não passava de uma manobra de diversão, tal como aliás, afirmei aqui.

Disse Jerónimo de Sousa no Congresso.
. Sobre os socialistas de esquerda do PS: "as suas movimentações" visam travar a "erosão do PS", "alimentar ilusões" e tentar "suster" a subida dos comunistas.
. Sobre o encontro das esquerdas em 14 de Dezembro: "o desenvolvimento de outros projectos políticos tenderão para assegurar as condições que permitam a sobrevivência da política de direita".
. Sobre o Bloco de Esquerda: "um partido social-democratizante disfarçado por um radicalismo verbal esquerdizante", "a sua concorrência é sempre contra o PCP, caindo muitas vezes no anticomunismo".

Sendo assim a sua proposta de "convergência das esquerdas" e da criação de uma "alternativa de esquerda", reduz-se, como sempre à "velha" CDU. Tanta treta para nada. O PCP como se vê não está interessado (nem valoriza) qualquer esforço de entendimentos à esquerda. O PCP tem uma cultura de controlo e de vanguarda que impedem qualquer unidade na diferença.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Um teste à credibilidade do Bloco

A crer nos jornais, hoje à noite, o plenário de aderentes da concelhia de Lisboa do Bloco, vai retirar a confiança a Sá Fernandes, decisão que também teria sido já ratificada pela comissão política. A ser verdade, estamos perante um simulacro de democracia interna e de participação democrática dos militantes, na discussão e tomada de decisões colectivas, tão caras ao Bloco, nos discursos e nos documentos programáticos. Mas nada que me admire. Neste segundo mandato, depois do acordo de Lisboa assinado entre o Bloco e o PS, Sá Fernandes nunca teve a vida fácil dentro do Bloco. Sendo que as suas preocupações são e foram as de sempre: o melhor para a cidade. Sendo o que sempre foi. E com o acordo de Lisboa tudo fazer para honrar os seus pressupostos: ser o mais possível solidário na governação e envidar todos os esforços para cumprir os pontos inscritos no acordo. E sobre isso nada a dizer. Esses foram os seus compromissos com o Bloco e com os seus eleitores e tem cumprido. Tudo o resto são diferenças de opinião que deveriam ser naturais, entre o independente Sá Fernandes e um partido que o escolheu, pelo seu carácter, verticalidade e apego aos interesses de Lisboa e dos lisboetas. E que deveriam ser respeitadas de parte a parte.

O Bloco, não o soube compreender infelizmente e alguns dos seus dirigentes, através de mensagens subliminares na imprensa, foram dando a entender que se teria rendido aos encantos do poder, assim como não o protegeram dos ataques soezes de onde se esperava.

O Bloco tem o direito de não se rever em algumas posições de Sá Fernandes e nessa medida entender não o recandidatar a um próximo mandato. Mas se a decisão de logo à noite for as que os jornais pré-anunciam; a retirada de confiança, é uma ferida aberta e profunda na relação com muitos dos seus simpatizantes e militantes. E revela que o Bloco ainda está muito preso a condutas grupistas, sectárias e de pretensa superioridade moral.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O melhor vendedor da JP Sá Couto continua em grande forma

Afinal a entrega dos computadores Magalhães às crianças de uma escola de Freixo-Ponte de Lima não passou de mais uma encenação para as televisões. Usando as crianças como figurantes. Uma vergonha!

Um novo partido à esquerda? Sim, talvez.

Haverá um espaço à esquerda para a criação de um novo partido, pergunta o DN de hoje. A minha resposta é sim, talvez. Com um PS virado à direita, um PCP conservador, um Bloco aparentemente contente na oposição, o aparecimento de um novo partido de esquerda, com origem no Manuel Alegre, poderia alavancar uma alternativa de esquerda a sério e obrigar a clarificações nesta área política.

Esse partido, conhecendo as posições de Manuel Alegre, não seria o meu partido, nem teria sequer o meu apoio, concorrendo às eleições e não tendo possibilidades de ganhar. Para ser oposição, prefiro o Bloco. Mas a existência desse partido, em si, obrigaria o Bloco a encontrar-se e a confrontar-se com os seus propósitos fundadores, para não perder os eleitores de esquerda mais moderados e o PCP a mudar se não quiser ficar ainda mais acantonado. Logo, a esquerda toda, só tinha uma saída: entender-se. E uma esquerda assim, sim, poderia vir a ser uma alternativa a sério. Uma alternativa credível. Uma alternativa para governar. À esquerda. Para haver mais justiça social e uma sociedade mais digna.

Nota: tive agora conhecimento das declarações de Manuela Ferreira Leite, pedindo a suspensão da democracia por 6 meses. Sinceramente isto nem merece comentários: estamos entregue aos bichos. A esquerda tem de fazer mais para que a alternativa dos portugueses a Sócrates não tenha que ser esta senhora.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ovos que valeram

"Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas,* atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1º ciclo do ensino básico, ou ao triplo dos tempos lectivos semanais, por disciplina, nos 2º e 3º ciclos no ensino básico, no ensino secundário e no ensino recorrente, ou, tratando-se, exclusivamente, de faltas injustificadas, duas semanas no 1º ciclo do básico ou o dobro de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos restantes ciclos e níveis de ensino, deve realizar, logo que avaliados os efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas no número anterior, uma prova de recuperação."

Número 2 do artigo 22º do Estatuto do Aluno.
*sublinhados meus.
Comentário: Independentemente da natureza das faltas, quer dizer isso mesmo, "independentemente da natureza das faltas", ora isto não precisa de clarificação. Qualquer falta conta (ou contava). Fosse qual fosse a natureza. A ministra ao fazer um despacho de clarificação não pretende clarificar nada. Pretende alterar a lei. Esvaziar os protestos. Recuar sem dar a impressão que está a recuar. Pretende enfim atirar areia para os olhos dos mais distraídos. E culpar as escolas, os professores e os alunos. Os primeiros por aplicarem a lei, os alunos por supostamente protestarem sem razão. Uma ministra que procede assim, com a protecção do Primeiro-ministro, é uma ministra sem vergonha e desonesta politica, intelectual e pessoalmente.

Sendo tão claro o significado de "independentemente da natureza das faltas" o despacho da ministra, consubstancia uma alteração objectiva da lei aprovada na Assembleia da República pelo que o despacho deveria ser considerado ilegal e deveria voltar ao parlamento. Não sendo assim estamos perante uma fraude e uma forma de o PS contornar os erros, sem dar a mão à palmatória, numa manobra anti-democrática, arrogante e autoritária. Nada a que não estejamos habituados. Os alunos, estiveram bem, ao atirar ovos aos carro da ministra e dos secretários de Estado. Foram merecidos. Os protestos às vezes, podem e devem assumir formas radicais, ainda que quem os exerça possa sofrer as consequências desses actos. Mas isso faz parte da vida ... e devem estar preparados para isso, obviamente.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sapatos e promiscuidades

"Se o Governo negociar comigo, directamente e em exclusivo, o fornecimento de sapatos à população portuguesa estou certo de que [me] transformarei rapidamente no maior fabricante de calçado do país. Mas se além disso, o Governo negociar o fornecimento dos meus sapatos a outros países, serei ainda maior.
Ontem, a JP Sá Couto, que monta o computador Magalhães, anunciou um crescimento de vendas superior a 1000%. Uma fraude tão grande como a história dos meus sapatos."


AM - Jornal Oje 14 de Novembro.
Comentário: Este é seguramente um dos maiores embustes do Governo. Não apenas o computador Magalhães não é um genuíno produto nacional (como tem sido amplamente afirmado pela Governo) mas tão-só uma das muitas réplicas do Classmate PC da Intel com outras designações noutras partes do mundo, como a encomenda de 500 mil unidades para as escolas no âmbito do programa e-escolinha por parte do Governo - mas mascarado num contrato paralelo com os operadores móveis, está envolta num manto nebuloso, pois que directamente a JP Sá Magalhães, se a aquisição se desse por concurso público, estaria impedida de se candidatar, por estar constituída arguida, juntamente com um seu administrador, num processo de fraude fiscal e associação criminosa, que terá lesado o Estado em mais de cinco milhões de euros. Mas tudo isto, não modera o entusiasmo do Primeiro-ministro Sócrates. Aliás aparece-nos mesmo como o embaixador do produto, nacional e internacionalmente, e revelando uma faceta desconhecida: a de vendedor ... da banha da cobra. A JP Sá Magalhães agradece-lhe muito, com certeza.

domingo, 9 de novembro de 2008

Por uma escola para todos e focada no sucesso escolar

Aqui sobre a luta dos professores, escrevi: “ O que me interessa é a defesa da escola pública e não me parece que seja isso que está em causa ou que seja por isso que os professores lutam. Uma escola pública de sucesso requer professores motivados, competentes e bons profissionais. Requer boas instalações, bons programas, uma estabilidade pessoal e profissional. Requer uma escola popular e integradora, equipamentos adequados, professores dedicados e a tempo inteiro, requer uma gestão democrática e aberta, mas também requer o controlo e uma avaliação democrática do exercício e dos resultados da escola, dos gestores, dos professores, dos alunos, do pessoal auxiliar, em que todos são avaliados...”

Depois da manifestação de 100 mil professores ainda mantinha algumas reservas, sobre as verdadeiras motivações dos professores. Agora e depois de mais uma grandiosa manifestação de mais de 120 mil professores, já não tenho nenhumas dúvidas: os professores, na sua grande maioria, estão realmente disponíveis para defender uma escola pública de qualidade, inclusiva, responsável e competente. E isso passa, necessariamente, pela avaliação da escola e dos professores e pela resposta à seguinte questão: o que podem fazer todos para que o sucesso escolar aconteça”.

Só mesmo a ministra e o Primeiro-ministro é que parecem, teimosa e arrogantemente, não quererem ver o que está em causa: a reforma do ensino não pode ser feita contra os professores ou dispensar o seu contributo. Como também já o disse aqui: “querer responsabilizar os professores pelo estado actual de ensino é desonesto. Os professores não podem conviver com as culpas todas. Aos professores não podem ser assacadas culpas que são de todos: da sociedade, do sistema, dos pais, dos alunos e principalmente dos responsáveis pela governação em Portugal. Se um aluno reprova, se um aluno não vai à escola, se a escola não dá saídas profissionais, se os responsáveis não investem a sério na educação, a culpa não é dos professores. A ministra teve esse condão: de fazer crer, instalando a dúvida nos próprios que a culpa é deles e só deles. Os professores têm razões para demonstrar na rua a sua insatisfação e raiva pela ministra”.

Pela suspensão do sistema de avaliação! Por uma escola pública, inclusiva e de sucesso.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

José Manuel Coelho um deputado de respeito

Pelo que tenho lido e ouvido, com a excepção dos próprios claro, toda a gente critica e bem a decisão da Assembleia Legislativa da Madeira ou dos deputados regionais do PSD ou do presidente do Governo Regional da Madeira, que estas coisas andam todas ligadas, de impedir o acesso do deputado do PND, com recurso aos seguranças, às instalações do Parlamento e de exercer o mandato, conferido pelo povo.

O que acho piada é que para criticarem uma decisão tirana e fascista do PSD (não há que ter medo das palavras), tenham de criticar também o deputado do PND (apelidando-o logo de palhaço, louco, entre outros mimos), por discordarem da forma e dos termos (considerados impróprios!! por se darem numa instituição democrática) com que manifestou a sua opinião, chamando de fascistas os deputados do PSD e por ter desfraldado uma bandeira nazi, e simbolicamente a entregar ao líder do grupo parlamentar do PSD, Jaime Ramos.

Eu acho sinceramente que pior que chamar fascistas aos deputados do PSD na Madeira é classificar de louco, palhaço, populista, etc, o deputado do PND. A mim parece-me antes um homem de fortes convicções, muito corajoso e igualmente determinado. Pela minha parte só tenho de o felicitar pela clareza, pela coragem e pela determinação, com que defende as suas opiniões. Difamou? Os tribunais estão aí para julgar. O que não me parece correcto é que se lhe colem logo etiquetas por se expressar de forma politicamente menos "correcta". Se estivesse na Madeira, votava nele nas próximas legislativas!

Entretanto a democracia está suspensa na Madeira e o Presidente da República faz de conta que não é nada com ele.

Adenda: a música "O circo dos fachos" do GAC que aqui se ouve é dedicada aos deputados do PSD da Madeira.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

burla, abuso e fraude fiscal no BPN

e um prejuízo que segundo o ministro das finanças em Outubro era de 800 milhões de euros e que perante uma situação líquida negativa, insuficiente para honrar compromissos, se estima seja agora de 1,1 mil milhões de euros. E que faz o Governo? Nem mais nem menos: indemnizar os administradores e os accionistas beneficiários directos destas golpadas e destes actos criminosos!

"os accionistas não têm culpas das práticas da administração", diz Jorge Lacão, secretário de Estado da Presidência. Pois, não terão. Mas porque motivo onde ser indemnizados! Não beneficiaram eles com essas práticas ilegais? Já não é uma ajuda grande o Estado deitar mãos ao banco evitando a sua falência e assumindo os prejuízos? "O objectivo não é confiscar tudo a quem errou (o sublinhado é meu ) e que deve ser punido" adianta Afonso Candal, deputado socialista. Mas que é isto? Não é de erros que se trata é de crimes! Só faltava esta: o Estado (todos nós) indemnizar quem é condenado por crimes financeiros contra o Estado! Uma vergonha.

A nacionalização do BFN era uma necessidade para socorrer os depositantes e os trabalhadores do banco. Mas apenas para isso. Os erros, os prejuízos, e a responsabilização criminal, deveriam ficar nos accionistas e nos responsáveis pela gestão do banco, na devida proporção. Em todos estes anos, em que foram apresentados lucros (bastante à custa da vigarice e em prejuízo do Estado) beneficiaram com os ganhos, agora seria a altura de ficarem com as perdas. Seria justo.

Soube-se agora que Miguel Cadilhe aceitou a presidência do BPN a troco de um PPR de 10 milhões de euros. Nada contra. Cada um faz os negócios que quiser e acorda o que lhe interessa e ninguém tem nada a ver com isso. Miguel Cadilhe aceitou trocar a reforma do BCP por 10 milhões de euros, naturalmente a pensar que era um bom negócio. 10 milhões de euros para um exercício de, sei lá, meia dúzia de anos, era de certeza um bom contrato e um bom negócio. E como Miguel Cadilhe não é burro nenhum, como cautela, porque sabia que as coisas não estavam bem, depositou o PPR, não numa empresa do grupo do seu banco, mas noutra instituição. Assim mesmo. Digamos que Cadilhe não estava desprevenido sobre a situação financeira do banco nem com a possibilidade de uma falência. O que ele não contava (quem contaria há uns meses atrás?) é que o banco pudesse ser nacionalizado. E aí teve azar. Noutras ocasiões teve muita sorte. Como receber grossas reformas com pouco tempo de serviço. Acontece aos melhores. Melhor dito; podia acontecer aos melhores. Mas não, o Governo está aí para proteger as costas aos senhores importantes e poderosos. A indemnização está salvagardada! Nós, os contribuintes, estamos cá para dar dinheiro a quem não precisa e não merece.

Uma merda de país e de sociedade

Duas chatices para digerir nos próximos tempos. A minha mulher está ameaçada de transferência de local de trabalho, de Viana do Castelo para Braga. Sexta-Feira próxima tem uma reunião marcada para lhe ser comunicada oficialmente a transferência. Infelizmente pouco há a fazer senão exigir que lhe apliquem a lei, o que significa, segundo o código de trabalho, apenas o pagamento das deslocações em transporte público. O resto, mais de uma hora e meia de transporte público para cada lado, fica como prejuízo e que tem como resultado, um prolongamento imoral do tempo de trabalho e uma vida pessoal e familiar estragada. Os nossos governantes e os nossos patrões não merecem um pingo de respeito. A outra chatice é directamente comigo: segundo o meu advogado já está marcada para Janeiro o julgamento sobre o caso de um artigo meu, publicado num blogue anterior a este. E assim se faz Portugal; uns vão bem outros mal.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Barack Obama, claro!

Porque não deixa de ser uma esperança.

 

domingo, 2 de novembro de 2008

"Os ricos que paguem a crise"

Eu não quero saber para nada da nacionalização do BPN. Nem vejo que a nacionalização do banco seja importante para o sistema financeiro e o Estado já tem o seu banco, não precisa de outro. Mais banco menos banco, pouco importa. A mim só me interessam duas coisas: que sejam os banqueiros a pagar os prejuízos e os erros da gestão. E que os administradores sejam responsabilizados criminalmente pelas manigâncias e as ilegalidades que prejudicaram o Estado. Mais nada! Sobre o resto já tirei as minhas conclusões há muito tempo: o Governo está ao serviço dos ricos. O Governo só não consegue arranjar dinheiro e soluções justas para as pessoas que precisam. É só "porradas e mal viver".
 

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