quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Agiotagem, marosca ou uma boa solução?

A possibilidade de se vender a casa, ao preço do capital em dívida ou do valor do mercado e de a poder recomprar mais tarde, baseado exactamente nas mesmas condições ou pressupostos da venda, parece-me uma forma interessante de ultrapassar as dificuldades intransponíveis das famílias, que não tendo condições de assumir os compromissos com o crédito da habitação, evitam a penhora da casa, permitindo-lhes ganhar tempo e algum fôlego, garantida que fica a permanência na mesma, através de um contrato de arrendamento, no intervalo da venda e da recompra, a preços que permitam reduzir a sua mensalidade de forma mais ou menos razoável.

Melhor do que isto, sendo razoável, não consigo vislumbrar, apesar de o PCP falar em agiotagem e o Bloco de Esquerda em marosca, a não ser através de uma descida efectiva e razoável das taxas de juro (só possível à escala europeia) ou de medidas muito pontuais para os sectores mais aflitos, como os que caíram no desemprego, por exemplo, através de bonificações do Estado. Mas isto é eu a dizer que sou muito limitado nestas questões, como noutras, graças a Deus (nada aqui como atirar a culpa a alguém e Deus (se existisse) até mereceria).

Eu diria que, antecipando dificuldades, o melhor é esperar para ver, esperando que esta seja uma oportunidade para vender um património imobiliário que creio se está a desvalorizar, que estará em alguns casos, parcialmente pago, e que tendo um comprador, a querer pagar um preço justo (segundo o que li o valor será o que resultar da média de duas avaliações independentes), se possa aproveitar o remanescente da venda, para umas economias ou uns gastos mais compatíveis, continuando com o privilégio de morar no mesmo sítio.

Mas quase de certeza que estou a ver mal o assunto. E mais do que isto não estou em condições de dizer, dado que desconheço em detalhe, como funcionam ou vão funcionar os Fundos de Imobiliário e Arrendamento previstos para dar corpo a este projecto e os riscos inerentes.

Que fique claro que não estou à espera que o Estado ou os privados nos dêem qualquer coisa. Do Governo espero apenas que esta medida não seja para lixar os mais pobres em benefício dos ricos. Seria, no actual contexto de grandes dificuldades, um verdadeiro acto criminoso. Depois de perderem o emprego, virem reduzidas as suas pensões, perderem direitos sociais, em nome do futuro, seria maquiavélico e um acto de terrorismo, perderam também a sua casa, a troco de nada. Dos privados, nada a esperar também a não ser a possibilidade de fazer um negócio que possa satisfazer as partes, com uma ajudinha do Estado, desta vez inclinando-se mais para o lado dos que mais que precisam. Vamos aguardar, serenamente.
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