Ontem, comemorou-se o 50º aniversário da revolução cubana. Sobre Cuba tenho uma relação dúplice. Um respeito enorme, uma admiração forte, uma estima ilimitada pelo povo cubano, pela sua história, a sua cultura, a sua afabilidade. Um fascínio enorme pela revolução cubana que derrubou o ditador Fulgencio Batista. Por outro lado, a minha relação com a Cuba de hoje.
E a Cuba de hoje, a Cuba 50 anos depois da revolução, não é a Cuba da esperança, não é Cuba das liberdades, a Cuba dos nossos sonhos da liberdade, da igualdade, do bem-estar, do exemplo de respeito pelos direitos humanos.
O bloqueio económico não legitima tudo: justifica pobreza, atrasos na modernidade. Não justifica desigualdades, falta de liberdades; de reunião, de expressão, de manifestação, de impedimentos à livre organização de partidos, movimentos cívicos e sindicatos, de eleições livres, de prisões, tortura, assassinatos, por delito de opinião. De impedimentos à circulação de pessoas e bens. Nunca, por nunca, aceitaria um regime, um Estado, uma sociedade, onde não pudesse dizer o que penso, que não pudesse criticar, dizer mal, ou eleger livremente os dirigentes.
Podem perguntar-me. Mas existe outra saída? Sim! A democracia, sempre! A confiança no povo. A força dos argumentos. O debate democrático. A boa assistência na saúde, os bons resultados na educação são, neste quadro, para mim, completamente irrelevantes, quando me faltam as liberdades básicas.
Pode haver socialismo sem direito de greve, sem respeito pelos direitos humanos, socialismo com pena de morte?
Maurice Béjart morreu em 22.11.2007. Tudo é conhecido sobre este grande,
enorme, artista, mas eu recordo sempre o primeiro concerto dele a que
assisti...