domingo, 4 de janeiro de 2009

O massacre em Gaza

A ofensiva israelita sobre a Palestina é dramática. As bombas matam vindas dos céus, do mar e da terra. Mais de 400 civis palestinianos já morreram e centenas ficaram feridos, vitimas destes ataques terroristas. A faixa de Gaza está cercado por todos os lados, na zona Este ouviram-se alguns bombardeamentos e na zona Norte os tanques israelitas já entraram pelo território adentro. O pretexto é o de destruir as infra-estruturas de combate do Hamas e eliminar fisicamente os seus dirigentes.

Como disse aqui, nada pode justificar um massacre desta natureza e desta amplitude. Penso também que não interessa, agora, fazer história sobre quem são os culpados deste reinício das hostilidades, após seis meses de trégua. O que temos todos de lamentar é que, neste tempo de tréguas, não se tenham registado avanços e que antes tenha evoluído para um agudizar do conflito e menos para encontrar soluções mais duradoiras e encontrar pontes de diálogo consistentes.

Se são compreensíveis os receios de Israel, em termos de segurança, perante as últimas acções dos elementos mais radicais do Hamas, a verdade é que esta investida de Israel, não visa resolver o problema de segurança das populações diante dos “rockets” ou mísseis do Hamas, mais ou menos definitivamente, com a agressão sobre os palestinianos de Gaza, mas apenas satisfazer, por razões de equilíbrio e jogos eleitorais próximos, assomos de populismos, mesmo que à custa da matança de inocentes civis, o que revela bem a natureza sanguinária e terrorista do Estado de Israel. Mas que dizer então dos palestinianos de Gaza? Cada vez mais prisioneiros dentro do próprio país, cada vez mais acantonadas a pequenos espaços, sofrendo brutais bloqueios alimentares, com a população a passar por dolorosas e profundas privações? Terão eles de se sujeitar a uma espera por uma solução que nunca mais chega?

A minha condenação vai contudo para os líderes dos dois lados do conflito. As bombas que matam indiscriminadamente civis em Gaza, a mando dos dirigentes israelitas, se tivessem nas mãos dos dirigentes palestinianos do Hamas, matariam indiscriminadamente civis em Israel. Sobre isso, não tenho nenhumas dúvidas. Os "rokets" também foram atirados às centenas para território israelita e só não mataram por acaso e também não têm a força das bombas israelitas. Mas tivessem eles. Mas isso não é que interessa agora: agora interessa parar a agressão israelita. O massacre, a chacina.

Como referem os ilustres subscritores deste apelo: Em Gaza, está em jogo o sentido básico de decência da humanidade. O sofrimento e a destruição arbitrária da vida das pessoas, o desespero e a ausência de dignidade humana nesta região duram há demasiado tempo. Os palestinianos em Gaza - na verdade, aqueles em toda a região que vivem as vidas mais marcadas pela falta de esperança - não podem esperar que novas administrações ou instituições internacionais ajam. Se não quisermos que o Crescente Fértil se torne num crescente fútil, temos de acordar e de ter a coragem moral e a visão política para que a Palestina dê um salto quântico.

Insisto neste ponto: o tempo é de compromissos. Compromissos para uma negociação séria. Compromissos para a criação de dois Estados. Mais importante do que mais território, menos território, é uma paz duradoira, uma pátria para os palestinianos …para além dos velhos sonhos e antigas e novas crenças bíblicos/religiosos, de uns e outros.

"Só então a conciliação, a mediação, a negociação, a arbitragem e os processos de resolução cooperativa dos problemas podem estabelecer-se a si mesmos. Em última análise, a reconstrução e a reconciliação são os únicos meios viáveis para trazer a estabilidade, uma vez que esta não pode ser imposta".

(também publicado n'O Libertário)
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