sábado, 28 de fevereiro de 2009

Bloco de Esquerda. Um projecto a ser acarinhado.

O Bloco comemora hoje dez anos. E dez anos passados, o Bloco de Esquerda incorpora as mais amplas expectativas, no projecto de reunificação das esquerdas plurais e da constituição de uma alternativa socialista, a uma doutrina económica e social apresentada como indiscutível, mas que aqui como noutras partes do mundo, apenas tem trazido mais desemprego, pobreza, menos direitos sociais a uns e ao contrário, enriquecimentos ilícitos a outros, aprofundando ainda mais as desigualdades sociais.

O Bloco de Esquerda, com alguns erros de percurso, com algumas indecisões e incongruências ainda, tem feito um percurso sério, uma oposição capaz e consequente, uma denúncia enérgica das manigâncias políticas, dos negócios ruinosos, dos tráficos de influências, dos malabarismos de uma classe política e uma elite empresarial, incompetente, desavergonhada, canalha que, absorvidos nas suas carreiras políticas ou nos seus ganhos egoístas e avaros, ao menor sintoma de adversidades, que não são mais do que umas pausas nos lucros e vantagens adquiridas ao longo dos anos, atiram para as costas dos trabalhadores, das populações mais indefesas, das famílias mais pobres, as suas pequenas dificuldades, mesmo que isso signifique o arruinar das famílias, o aumentar da pobreza, trazer a miséria e a fome a muitas casas, o acabar de grandes conquistas e direitos sociais que foram e são grandes avanços civilizacionais.

Não estando todos os que se reivindicam de esquerda, sempre de acordo com as posições políticas do Bloco; de acordo com algumas propostas ou prioridades, encontrando-se ainda, aqui e ali, alguns tiques de sobranceria intelectual e moral, creio ser inegável que o Bloco se apresenta como a força política, melhor preparada, mais sólida, mais abrangente à esquerda, para se posicionar, como a verdadeira força política de esquerda e da oposição, para arquitectar um projecto de unidade e de alternativa ao sistema político vigente, num quadro de democracia representativa e democracia participativa, um regime socialista, assente num modelo de democracia semi-directa.

Embora razões particulares e políticas me tenham afastado da militância política no Bloco (a que pertenci quase desde o inicio), que seriam superáveis no debate político, mas que sendo repetições de outros no passado, se sobrepõem o cansaço psicológico e uma pouca paciência para aspectos políticos, para mim, completamente desajustados, no tempo e pelo tempo, considero o Bloco de Esquerda, uma esperança que não pode ser desaproveitada ou enjeitada, depois de mais de trinta anos sem uma verdadeira alternativa de esquerda, se quisermos construir um projecto de unidade, de convergências e de alternativa política de poder.

Os ataques do PS neste congresso, as afirmações de Pedro Passos Coelho que habituais eleitores do PSD irão votar no Bloco, os desesperos de Sócrates quando Louçã intervém, as investidas agressivas de algumas pessoas influentes na imprensa, indiciam que o Bloco está a incomodar muita gente e a ganhar apoios populares. Há que dar força a este projecto pois, sendo que os militantes bloquistas não devem pensar o Bloco como um fim, mas como um instrumento do combate político pluralista das esquerdas anti-capitalistas; um projecto a ser construído paulatinamente para uma alternativa consistente e duradoira.
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