segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Greves xenófobas. E como sindicatos de classe e corporativistas podem ser reaccionários

A greve de trabalhadores ingleses contra a contratação de trabalhadores estrangeiros, é uma manifestação de xenofobia, retrógrada e desonrosa para os trabalhadores e para sindicatos ingleses envolvidos, qualquer que seja a razão aparente ou verdadeira. Estas greves são um grande retrocesso na cultura política, na percepção dos direitos, nas conquistas civilizacionais. A ninguém pode ser negado o direito de procurar o seu lugar, o seu modo de vida, a sua felicidade, onde e como quiser, sem constrangimentos, acondicionamentos, em qualquer parte do mundo, respeitando iguais direitos dos outros, no mesmo plano de igualdade, não se sujeitando a destinos delineados por outros.

O direito ao trabalho, como outros direitos, não tem nacionalidade. Os trabalhadores ingleses estão a ver mal o problema. A incerteza do emprego, a insegurança profissional e social, um quotidiano intenso e stressante, um presente e um futuro incerto, são motivos suficientes para demonstrar a nossa indignação e protesto. Mas o alvo não pode ser os iguais a nós ou pior do que nós. Os que sofrem os mesmos dramas. Horrorosos, dolorosos, terroristas.

O que eu compreenderia é que os trabalhadores exigem-se para esses seus colegas contratados, condições de salário justas, condições de trabalho dignas, cargas de trabalho adequadas, horários de trabalho consentâneos. Em defesa dos direitos universais dos trabalhadores, em solidariedade com os outros trabalhadores e para impedir concorrências desleais e desiguais.

O direito ao pleno emprego deve ser parte integrante de uma luta diária, permanente, insistente, exigente, contra este modelos das sociedades capitalistas, cuja marca principal, a impressão digital, são as injustiças sociais, a desigualdade de oportunidades, as grandes diferenças económicas e sociais.

Estas manifestações e protestos são muito perigosos no actual contexto de crise económica. Consciente ou inconscientemente, prestam um serviço ao reaccionarismo primário, são um retrocesso político e social, favorece o surgimento das forças do passado, racista, fascista e xenófobo. A participação dos Sindicatos nestas movimentações, a liderar ou a reboque dos acontecimentos, dizem-nos muito do tipo corporativista do sindicalismo, dito de classe, mas não de luta de classes.
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