quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Programas eleitorais: o rabo de fora com gato escondido

Há programas eleitorais públicos e há programas eleitorais ocultos. Há programas com imensas páginas e programas que podiam caber numa folha A4. Os programas são o compromisso público com os eleitores. Conhecer as propostas, os projectos e as ideias dos partidos são elementos fundamentais para sabermos o que os partidos pensam para o país. Sobre o progresso, os serviços públicos, o acesso à justiça, a economia solidária, os direitos do trabalho, da saúde e da educação, o emprego digno, a protecção social, as desigualdades sociais, o combate à pobreza, o equilíbrio ecológico. Contudo, não é isso que nos mostram os programas eleitorais. Os verdadeiros programas são programas secretos. São os programas que se revelam depois das eleições.

Dito isto são-me indiferentes os programas públicos do PS e PSD. Nas linhas fundamentais serão parecidos com enfoques diferentes porque a ocasião o dita, sobretudo em campanhas eleitorais. No que me toca conheço suficientemente os seus pensamentos políticos e conhecemos todos, em particular, como são quebrados os compromissos eleitorais quando chegam ao Governo, com as justificações estapafúrdias do costume: as contas públicas são pior do que a imaginavam. A herança política é pesada.

Conhecer o que cada partido pretende é indispensável para os eleitores, mais desinformados, mais incautos, menos atentos. Por isso o que é importante para o esclarecimento são os debates, olhos nos olhos, partido frente a partido, pondo em confronto, projectos, programas, práticas. Sem redes. Sem esquivas. Conduzido por entrevistadores competentes, isentos, acutilantes, provocadores, no bom sentido.

Neste ponto de vista a recusa de Sócrates a debates (e de Manuela Ferreira Leite mesmo que timidamente os aceite), diz muito sobre os programas escondidos desses partidos. Revela o medo de serem confrontados com as suas contradições, as suas mentiras, os interesses ocultos que protegem.

(A acabar este texto ouço que Sócrates acaba por aceitar as entrevistas a dois - caía muito mal a recusa. Uma boa notícia, pois. Assim as coisas poderão ser mais claras e as opções dos eleitores mais esclarecidas.)
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