quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um apagão na memória recente

O PS tem beneficiado de um súbito apagão na memória recente das pessoas. Nestes 15 dias de campanha, já ninguém fala da pobreza que continua, das pensões miseráveis, do aumento do tempo de trabalho e redução dos valores da reforma nos próximos anos em cerca de 50%, dos prémios vergonhosos aos gestores públicos e privados, do emprego que se perde e nunca mais se recupera, dos negócios sem concursos para beneficiar os homens do dinheiro e os amigos, da desvalorização dos salários, da retirados de direitos sociais e laborais. Ninguém se lembra do código de trabalho, da precariedade do emprego, do desemprego galopante. Das prioridades nas escolhas. Da falta de rigor e transparência nas decisões. Da falta de credibilidade e arrogância do Primeiro-ministro, da ministra da educação, da incompetência da maior parte dos ministros. Ninguém se lembra já dos créditos perdoados a filhos, dos desfalques na banca, da manipulação dos preços na energia e produtos petrolíferos, da manutenção dos offshores, branqueamentos do dinheiro sujo. Do aumento de todos os impostos. De um país que continua a ser o mais desigual da União Europeia.

As campanhas eleitorais vivem de frases fortes que desviam as atenções, confundem, mentem. Eu não esqueço esta governação. Não esqueço que o Governo elegeu como alvo os mais fracos, os mais desprotegidos, os trabalhadores, para as fazer as "suas" reformas. Não esqueço que em tempos difíceis, foi aos trabalhadores que se pediram os sacrifícios.

Se nunca fui seduzido pelo voto útil que sempre foram um obstáculo à mudança e responsáveis pelo atraso no país e porque sempre achei que os partidos devem ter apenas os votos que merecem, agora menos faz sentido: o PSD já perdeu estas eleições. O voto útil deixou de fazer sentido. É tempo pois de reforçar as esquerdas. Por mim, já o disse, voto no Bloco de Esquerda.
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