sábado, 19 de setembro de 2009

Uma força que se mede pela incómodo que causa

De repente um pequeno partido, o Bloco de Esquerda, passou a estar no centro de todas as notícias. O seu programa eleitoral, as palavras dos seus dirigentes são esmiuçados de fio a pavio, circunstância estranha quando o partido apenas disputa uma maior representação parlamentar, para condicionar políticas de direita e afirmar uma alternativa, programática e de projecto político, a médio prazo. Não sendo previsível o Bloco de Esquerda ganhar as próximas eleições (logo o seu programa eleitoral não será o programa de Governo), que raio explica tanto nervosismo sobre o seu programa, relegando para segundo plano, os que presumia-se mais poderiam interessar discutir, por serem os que vão decidir as políticas na próxima legislatura, os do PS e do PSD.

Não deixa de ser curioso e terá uma explicação linear: o Bloco de Esquerda é já um projecto consistente. Uma verdadeira alternativa. Um projecto que está a despertar reflexões. A inflamar consciências. A convocar esperanças e forças. A reclamar justiça, direitos, respeito, uma vida decente e digna. A resgatar o verdadeiro significado da palavra Socialismo.

Tudo isto explica os ataques ferozes ao Bloco, às suas propostas e agora aos seus dirigentes. Começando pelas propostas: elas são públicas, estão publicadas em livro, estão disponíveis no site do Bloco, foram colocadas à discussão pública. E não foram colocadas para não serem lidas! A diferença que assusta é que elas são as propostas de um programa socialista. Um programa que reclama controlo público dos sectores estratégicos. O combate à evasão fiscal. Um sistema fiscal mais simples e transparente, com menos deduções e impostos mais baixos para quem trabalha. Pensões de aposentação dignas. Um trabalho com direitos. Justiça na economia. É isto que está em causa. É sobre isto que os portugueses se devem pronunciar. Não agitando fantasmas e papões e deixando a decisão sobre as alternativas à consciência livre dos eleitores. O ataque a alguns dirigentes do Bloco, como o do Expresso, este sábado, tentando-os descredibilizar com o caso dos PPR’s, prova que ou não perceberam nada das propostas do Bloco ou que são desonestos, proposição mais provável. Na linha, aliás, do que se passou com as deduções fiscais e das nacionalizações. Ler a explicação de Louçã.

Alguém o terá o dito: a força mede-se não pela demonstração da força mas pelo incómodo que causa. O Bloco parece-me estar no bom caminho. O caminho da redefinição do projecto e do apuramento ideológico.
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