Independentemente das apreciações que possam ser feitas sobre as
declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, algo que farei nos próximos dias,
há uma dúvida ...
sábado, 13 de março de 2010
Militantes do Bloco pedem Convenção extraordinária
sábado, março 13, 2010
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Fernando
Um grupo de militantes do Bloco de Esquerda, animado pelas correntes minoritárias, está a promover uma recolha de assinaturas para uma Convenção Nacional Extraordinária, "quando existem mais que uma candidatura na área de influência do Bloco e diferentes interpretações sobre a deliberação da Convenção" para "alargar o debate interno a toda a estrutura sobre as presidenciais", transferindo assim a decisão concreta sobre o nome para o órgão máximo deliberativo do Bloco.
Como sabem não apoio a candidatura de Manuel Alegre. O meu candidato é Fernando Nobre pese as diferenças programáticas/ideológicas. Para esta decisão pesou o perfil que entendo necessário para a função e tendo em conta as competências do cargo: um humanista, um militante da cidadania exigente, uma figura de uma sensibilidade social do tamanho do mundo, uma voz activa e firme contra as desigualdades e as injustiças nos vários domínios das sociedades, alguém intocável do ponto de vista ético e, também um candidato com possibilidades de vencer, capaz de despertar uma consciência cívica de exigência, rigor e responsabilidade pública. É isto que espero do “meu” Presidente da República.
Noutro contexto obviamente apoiaria um candidato da minha área “ideológica”, um Carvalho da Silva por exemplo, se aparecesse desligado do aparelho partidário e com uma dinâmica de “unir as esquerdas”.
Voltando à petição dos bloquistas que preconizam uma Convenção Extraordinária. Tal como a Comissão Política também a considero um erro e uma irresponsabilidade. Mesmo discordando da decisão da Mesa Nacional a decisão de apoiar Alegre é legitima. A inclusão do ponto sobre as presidenciais nas teses da lista maioritária, como aliás foi abundantemente referida, foi uma declaração antecipada de um apoio a uma eventual recandidatura de Manuel Alegre. Discorde-se ou não daquela posição (e eu discordava) a mesma foi interpretada, diria que por todos, como um apoio a Alegre. Não me parece intelectualmente sério pois esgrimir com “diferentes interpretações” sobre o ponto aprovado. “O Bloco de Esquerda defenderá a necessidade de uma candidatura presidencial da convergência mais ampla possível para a luta política da esquerda, sem prejuízo da possibilidade de apoiar uma candidatura da sua área política no caso em que essa alternativa não se concretize”.
Dito isto, e independentemente da deliberação da Convenção “sugerir” o apoio à candidatura de Alegre (que repito discordava), face à evolução das posições de Alegre, dando um apoio claro a Sócrates nas legislativas (participando mesmo num comício), dizer que em minha opinião, deveria ser incentivado o retomar do debate, de forma serena e leal, longe dos focos, centrando-o exclusivamente nas presidenciais, colhendo o pulsar dos militantes sobre este tema controverso.
Por fim uma primeira reafirmação: a pluralidade de opiniões, as divergências saudáveis, o respeito pelas diferenças, neste espaço da esquerda que o Bloco reclama são inevitáveis e simultaneamente enriquecedoras num projecto em que os homens e mulheres de esquerda, se quiseram que seja triunfante, precisam de se encontrar, procurar pontes, conversar, concertar políticas de unidade, definir projectos políticos, unir-se em torno de programas mínimos, afinando-os, refinando-os, para paulatinamente construir uma alternativa séria de poder. Um novo partido de esquerda. E que as rupturas serão inevitáveis neste processo. E a segunda reafirmação: a não concordância com a existência organizada de tendências. O Bloco não é uma federação de partidos. As organizações de tendências propendem a acantonarem-se a posições fixas, a funcionarem com espírito de grupo, vanguardistas e sectárias, pouco disponíveis para aceitar as posições contrárias.
Como aderente do Bloco (de base e sem actividade militante evidente), em minha opinião e independentemente do exercício de um direito dos proponentes, não posso concordar com a organização de uma Convenção extraordinária que coloca em causa uma decisão legítima dos órgãos competentes; a da última Convenção que determinou a estratégia e da Mesa Nacional que aprovou o nome de Manuel Alegre, transmitindo ao mesmo tempo uma imagem errada e negativa do funcionamento do Partido.
Reafirmo o que disse mais acima. Uma Convenção extraordinária seria errada, irresponsável, ininteligível aos olhos dos simpatizantes e eleitores e colocaria em causa decisões legítima dos dirigentes. Errada porque a decisão foi tomada conforme as competências estatutárias. Irresponsável porque não olha aos interesses superiores da organização, na problemática de umas eleições presidências, qualquer que fosse a decisão. Inexplicável porque as eleições são unipessoais e não comprometem necessariamente os partidos políticos.
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