terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Indecências

Os níveis de desemprego são muito preocupantes. A inscrição de 70 334 novos desempregados em Janeiro nos centros de emprego é a imagem da dimensão da angústia que afecta centenas de milhares de famílias. Quando em Dezembro, um Sócrates farsola, arrogante, depreciava os números de desemprego, abaixo das previsões (números enganadores, mascarados pela “saída” meramente estatística de desempregados em formação profissional), estava a exercitar o discurso mentiroso, com que vem apunhalando os portugueses mais desprotegidos, mostrando aquilo que é verdadeiramente; uma pessoa falsa e de uma insensibilidade social arrepiante.

Como se não bastasse tem recusado todas as propostas da oposição que pretendem atenuar as dificuldades das famílias mais pobres e atingidas pelo drama do desemprego: dilatando a concessão do subsidio de desemprego de longa duração; atribuindo-o a desempregados do trabalho precário; diminuindo o tempo de trabalho efectivo para ter direito aos subsidio; “suspendendo” as prestações de empréstimos de habitação que resultaram de despedimentos; renegociando Spread’s; impedindo o desemprego em empresas cotadas na bolsa; nas que tiveram lucros; nas que receberam apoios estatais, etc, etc.

Mas a juntar a um governo que desde cedo mostrou as suas prioridades: atacar os direitos sociais e laborais dos trabalhadores, as reformas dos idosos, os portugueses que atravessavam mais dificuldades; para combater o défice das contas públicas, cuja responsabilidade é deles próprios, das suas incompetências e da ladroagem na gestão da coisa pública, ao longo dos anos de democracia, em seu favor e dos amigos e compadres, temos um patronato, na sua maioria, ganancioso, sem escrúpulos, sem humanidade e incompetente.

Um jornalista do Diário de Negócios a propósito do generoso “perdão” de uma dívida da Cimpor de 62 milhões de euros dizia que “…há acções que, de tão escandalosas, nos deviam alertar para a ideologia que nunca caduca: a da decência e da vergonha na cara.”. Tem toda a razão. Como tem toda a razão o Presidente do grupo Jerónimo Amorim quando afirma:

Perante a crise, primeiro lançaria mão das reservas financeiras (uma reserva dos lucros de anos anteriores), segurando-se com um tempo de prejuízos; depois deixaria de pagar dividendos; em terceiro lugar diminuiria os salários dos administradores e quadros do grupo; em quarto lugar, se tudo isto não chegasse, negociaria com os trabalhadores a redução do horário do trabalho e só no fim, no fim mesmo, se os prejuízos fossem insustentáveis, poderia avançar com os despedimentos (da crónica de Miguel Sousa Tavares no Expresso).

Diferenças marcantes!
blog comments powered by Disqus
 

Copyright 2009 All Rights Reserved Revolution Two Lifestyle theme | adquirido e adaptado por in coerências