quinta-feira, 25 de março de 2010

Ainda sobre o pedido de uma Convenção extraordinária do Bloco

João Pedro Freire,
Este teu texto merece a minha genérica concordância.

Não concordo contudo que deva ser uma Convenção extraordinária a decidir o apoio ao candidato presidencial.

A legitimidade da Mesa Nacional para decidir que candidato parece-me inquestionável. Se a decisão da convenção indiciava um apoio a Alegre, nessa linha, a Mesa Nacional respeitou a opção tomada, dentro das suas competências, como tem aliás sido prática. Decisão que eu discordo, como já disse várias vezes, mas legitima.

Mas, concordo, não tinha contudo de a tomar neste sentido. Se a interpretasse, como eu, como tu, como muitos de nós, que a "candidatura presidencial da convergência mais ampla possível para a luta política da esquerda..." não é a candidatura de Manuel Alegre.

Mas ao mesmo tempo, sendo intelectualmente sério, parece-me não restar dúvidas que era para Alegre que a decisão da Convenção apontava.

Em minha opinião, apesar disso, Louçã, não deveria publicamente dar como assente o apoio à candidatura de Alegre, antes da Mesa Nacional se pronunciar. Ditam as boas regras de um partido que deveria fazer da participação militante a base para construir as suas decisões.

Mesmo considerando "líquido" o apoio a Alegre, a Comissão Política, deveria ter promovido uma discussão por toda a organização, antes de tomar a decisão definitiva, sobre as razões desse apoio e a estratégia que lhe está subjacente, para sentir o pulsar dos militantes, ouvir os aderentes e simpatizantes, os que pensam que Alegre não é o melhor candidato, pesar as novas circunstâncias (a participação de Alegre no comício de Coimbra e o apoio ao PS nas legislativas, a possibilidade de outras candidaturas, como a de Fernando Nobre).

Em vez disso, preferiu seguir a estratégia, que reconheço legítima (e que não sei muito bem qual é - mas não me parece que seja de um apoio "desinteressado"... talvez visando criar fracturas fortes no PS para juntar mais esquerda à esquerda), e que remonta aos "encontros das esquerdas” com Alegre.

Já o disse e insisto. Uma Convenção extraordinária aparece aos meus olhos (apesar de legitima) como um factor de fragilização do Bloco e de contestação aos dirigentes por linhas tortas, da contestação para aparecer, desculpa-me a franqueza e a opinião. E isso não é bom, nem para um processo de implantação e credibilização do Bloco, nem para quem usa destes artifícios: Nunca até agora o apoio a um candidato se deu em Convenção. A Convenção traçou uma estratégia e o perfil, como lhe competia (não podia ser de outro modo a tão longa distância) e a Mesa Nacional no uso das suas competências, escolheu o nome (creio não exagerar se disser que era o que toda a gente previa) que considerou encaixar nas decisões.

Concordemos ou não e eu não concordo. E, como alguém disse, não tendo que haver “intervalos” na discussão e nas discordâncias, manda o bom senso que não se valorizem diferenças de entendimento, de forma desproporcionada.

O que me parecia correcto era a exigência de um (novo) debate, correndo toda a organização, para debater em concreto as presidenciais, os nomes, o que se pretende destas eleições, quais os candidatos e a estratégia que se afiguram mais concordantes com os princípios e os objectivos do Bloco, em linha com os pressupostos de uma nova esquerda, grande, abrangente, socialista que o Bloco quer construir e fazer parte. Tudo assim era mais claro e coerente: a possibilidade de a Mesa Nacional mudar de posição face a um novo entendimento das circunstâncias e não forçada por uma decisão dos militantes … contra a direcção política, mais a mais, quando a decisão se deu no respeito das competências e na forma habitual.

Fica registada a minha opinião … franca. Um abraço.

domingo, 21 de março de 2010

No dia mundial da poesia saudar um amigo

perco o olhar noutras palavras     puras     e ofereço-me à
sabedoria das aves     sou esse vagabundo que apanha as
palavras despidas de êxito e vai depositá-las nos convés
da espera
nem outra margem me segura os passos     vou por este
lado do engenho onde o sonho inspira as aves para a
construção dos ninhos
assim se cumpre o signo dos meus dias     ir até ao fim da
estrada com as palavras coladas aos dedos

Passos de Anisa 29
Álvaro de Oliveira - Baladas de Orvalho*

* Baladas de Orvalho que Álvaro de Oliveira me deu a honra de apresentar em Viana.

Francisco Louçã - Entrevista RCP/CM

sábado, 20 de março de 2010

Denunciar e combater o PEC: um imperativo social

As pessoas no fim.

"quem vai sofrer mais com o PEC não são as classes médias, são os mais mais pobres. É dramático, mas o maior contributo para a diminuição da despesa é dado pela redução das transferências do Orçamento do Estado para a segurança social. Ou seja, as políticas que formam a rede de mínimos sociais verão o seu financiamento muito limitado (do complemento solidário para idosos ao subsídio social de desemprego, passando pelo rendimento social de inserção)."

Pedro Adão e Silva - da equipa que redigiu o programa eleitoral do PS


A esquerda censura e ataca o governo no coração da sua política, o PEC e a estratégia social 

"O CDS propôs cortar 130 milhões de euros no Rendimento Social de Inserção, e os 130 milhões foram cortados. O PSD exige manter os 1000 milhões de apoio fiscal ao offshore da Madeira, e têm os 1000 milhões. A direita quer cortar 600 milhões na dotação orçamental para a Segurança Social, e é o que conseguiu. O Governo decide privatizar parte da CGD, a direita apoia. Os CTT, a direita rejubila. A REN, a direita concorda. Os aeroportos, a direita aplaude. Parte da CP, a direita nem se tinha lembrado disso. A energia, a direita faz as contas ao negócio. Mantêm o horário de trabalho a chegar às 60 horas sem pagamento extraordinário, o patronato regista. Reduzem o acesso e o valor do subsídio de desemprego, a ortodoxia liberal está encantada".

Francisco Louçã - Coordenador do Bloco de Esquerda

sexta-feira, 19 de março de 2010

"PS propõem as medidas que um partido de direita podia tomar"

"Neste PEC o PS caiu numa armadilha terrível. Assumiu-se definitivamente como um partido que propõe acima de tudo as mesmas medidas que um partido de direita podia tomar e deixou cair sem cuidado as bandeiras de esquerda […] Sobre as privatizações, o Portas diz que só deve haver certas privatizações quando houver um regulador forte para não criar situações de monopólio ainda mais graves. O Portas a dar lições de esquerda a Sócrates!"
João Cravinho aqui.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um enorme Benfica contra o Marselha

Há para aí um movimento denominado, salvo erro, de " o quanto eu me vou rir se o Benfica não ganhar nada este ano". Eu creio que os os adeptos deste movimento não se deram conta de como ele próprio é um elogio ao desempenho da equipa do Benfica. Na verdade, implícito, está o reconhecimento de que só um desastre desportivo (ou outro - veja-se a arbitragem do jogo com o Marselha ) impedirá que o Benfica não ganhe tudo o que falta ganhar.

Ver jogar este Benfica impressiona, entusiasma, dá prazer. A equipa domina todos os princípios do jogo: a táctica, a abordagem ao jogo,  a organização defensiva, o contra-ataque rápido, o ataque organizado, a ocupação dos espaços, a organização do conjunto, os movimentos, as compensações, a solidariedade do grupo, o espírito guerreiro, a confiança nas capacidades individuais e colectivas, a determinação em ganhar, marcar muitos golos, dar espectáculo .. é uma coisa que só vista. Quando as coisas engatam o Benfica é verdadeiramente imparável!

Que dizer de um Maxi Pereira de combate e coragem. Um Luisão imperial nas alturas. Um David Luís de classe, força, raça. Um Coentrão de paixão ao jogo e técnica apurada. Um Xavi de coração e pulmão grandes. Um Carlos Martins irreverente e cerebral. Um Ramires todo-o-terreno. Um Di Maria desequilibrador e intenso. Um Pablo Aimar sublime, de técnica, visão de jogo, entrega e humildade. Um Saviola inteligente na ocupação dos espaços. Um Cardozo matador. Se a isto juntarmos um Jesus de conquista, exigência e grande competência, temos um Benfica do melhor desde os tempos de Eusébio.

Os 4 milhões de adeptos do anti-Benfica podem muito bem rir se este Benfica não ganhar nada esta época, coisa em que não acredito. Mas este Benfica enche-me as medidas. e enche as medidas dos mais de seis milhões de portugueses espalhados por todo o Mundo.

Contra o Marselha o Benfica mostrou que pode ganhar tudo. O Benfica é o maior!  SLB, SLB, Glorioso SLB!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Oportunismos que não tolero, mais a mais, vindos de quem se diz de esquerda. Há pequenas coisas que definem as pessoas.

A propósito das presidenciais, duas certezas: não voto, não votarei nunca em quem, por actos ou omissões, seja uma pessoa de direita. De direita mesmo, e não porque se afirma de direita. Como não votarei numa pessoa porque se afirma de esquerda. Direita e esquerda continuam a contar ... na vida pessoal, como agimos no dia a dia, na forma como cada parte olha o mundo, tratam as desigualdades e as injustiças sociais ... ou como as querem resolver. Não voto, por isso em Cavaco Silva como não voto em Manuel Alegre. No primeiro por razões óbvias quem conhece o meu mundo. Em Alegre, podia escolher muitas razões, mas escolho esta, que é uma razão de ordem da ética pessoal: não confio numa pessoa que recorre a uma manobra manhosa e indigna para receber uma avultada reforma. Uma reforma correspondente ao cargo de coordenador da RDP, cargo que suspendeu em 1975 com a eleição para deputado, continuando contudo a descontar para efeitos de reforma, durante mais de 30 anos, concomitantemente com o exercício de deputado e no mesmo período, razão pela qual teve direito a uma reforma vitalícia de 3 219,95 euros que acumula com a reforma de deputado. Uma vergonha! Não, este homem não me convence, decididamente.


Mas esta introdução serve apenas de pretexto (ou o contrário) para lançar este extraordinário poema de António Gedeão. Também eu preciso de certezas ... ou sentir que tenho razão às vezes  ... mesmo quando não a tenho. Um desabafo, enfim.

Certezas, precisam-se

Preciso urgentemente de adquirir meia dúzia de valores absolutos,
inexpugnáveis e impenetráveis,
firmes e surdos como rochedos.

Preciso urgentemente de adquirir certezas,certezas inabaláveis, imensas certezas, montes de certezas,
certezas a propósito de tudo e de nada,
afirmadas com autoridade, em voz alta para que todos oiçam,com desassombro, com ênfase, com dignidade,
acompanhadas de perfurantes censuras no olhar carregado, oblíquo.

Preciso urgentemente de ter razão,
de ter imensas razões, montes de razões,
de eu próprio me instituir em razão.
Ser razão!
Dar um soco furibundo e convicto no tampo da mesa e espadanar razões nas ventas da assistência.

Preciso urgentemente de ter convicções profundas,
argumentos decisivos,
ideias feitas à altura das circunstâncias.

Preciso de correr convictamente ao encontro de qualquer coisa,de gritar, de berrar, de ter apoplexias sagradas em defesa dessa coisa.
Preciso de considerar imbecis todos os que tiverem opiniões diferentes
da minha,
de os mandar, sem rebuço, para o diabo que os carregue,
de os prejudicar, sem remorsos, de todas as maneiras possíveis,
de lhes tapar a boca,
de lhes cortar as frases no meio,
de lhes virar as costas ostensivamente.

Preciso de ter amigos da mesma cor, caras unhacas,
que me dêem palmadinhas nas costas,
que me chamem pá e me façam brindes em almoços de camaradagem.

Preciso de me acocorar à volta da mesa do café, e resolver os problemas sociais entre ruidosos alívios de expectoração.

Preciso de encher o peito e cantar loas,
e enrouquecer a dar vivas,
de atirar o chapéu ao ar,
de saber de cor as frequências dos emissores.
O que tudo são símbolos e sinais de certezas.
Certezas!
Imensas certezas! Montes de certezas!
Pirinéus, Urais, Himalaias de certezas!

António Gedeão - Certezas, precisam-se

segunda-feira, 15 de março de 2010

As canseiras desta vida


As canseiras desta vida
tanta mãe envelhecida
a escovar
a escovar
a jaqueta carcomida
fica um farrapo a brilhar

Cozinheira que se esmera
faz a sopa de miséria
a contar
a contar
os tostões da minha féria
e a panela a protestar

Dás as voltas ao suor
fim do mês é dia 30
e a sexta é depois da quinta
sempre de mal a pior

E cada um se lamenta
que isto assim não pode ser
que esta vida não se aguenta
-o que é que se há-de fazer?

Corta a carne, corta o peixe
não há pão que o preço deixe
a poupar
a poupar
a notinha que se queixa
tão difícil de ganhar

Anda a mãe do passarinho
a acartar o pão pró ninho
a cansar
a cansar
com a lama do caminho
só se sabe lamentar
Dás as voltas ao suor
fim do mês é dia 30
e a sexta é depois da quinta
sempre de mal a pior

E cada um se lamenta
que isto assim não pode ser
que esta vida não se aguenta
-o que é que se há-de fazer?

É mentira, é verdade
vai o tempo, vem a idade
a esticar
a esticar
a ilusão de liberdade
pra morrer sem acordar

É na morte ou é na vida
que está a chave escondida
do portão
do portão
deste beco sem saída
-qual será a solução?

Dás as voltas ao suor
fim do mês é dia 30
e a sexta é depois da quinta
sempre de mal a pior

E cada um se lamenta
que isto assim não pode ser
que esta vida não se aguenta
-o que é que se há-de fazer?

José Mário Branco - As canseiras desta vida

sábado, 13 de março de 2010

Militantes do Bloco pedem Convenção extraordinária


Um grupo de militantes do Bloco de Esquerda, animado pelas correntes minoritárias, está a promover uma recolha de assinaturas para uma Convenção Nacional Extraordinária, "quando existem mais que uma candidatura na área de influência do Bloco e diferentes interpretações sobre a deliberação da Convenção" para "alargar o debate interno a toda a estrutura sobre as presidenciais", transferindo assim a decisão concreta sobre o nome para o órgão máximo deliberativo do Bloco.

Como sabem não apoio a candidatura de Manuel Alegre. O meu candidato é Fernando Nobre pese as diferenças programáticas/ideológicas. Para esta decisão pesou o perfil que entendo necessário para a função e tendo em conta as competências do cargo: um humanista, um militante da cidadania exigente, uma figura de uma sensibilidade social do tamanho do mundo, uma voz activa e firme contra as desigualdades e as injustiças nos vários domínios das sociedades, alguém intocável do ponto de vista ético e, também um candidato com possibilidades de vencer, capaz de despertar uma consciência cívica de exigência, rigor e responsabilidade pública. É isto que espero do “meu” Presidente da República.

Noutro contexto obviamente apoiaria um candidato da minha área “ideológica”, um Carvalho da Silva por exemplo, se aparecesse desligado do aparelho partidário e com uma dinâmica de “unir as esquerdas”.

Voltando à petição dos bloquistas que preconizam uma Convenção Extraordinária. Tal como a Comissão Política também a considero um erro e uma irresponsabilidade. Mesmo discordando da decisão da Mesa Nacional a decisão de apoiar Alegre é legitima. A inclusão do ponto sobre as presidenciais nas teses da lista maioritária, como aliás foi abundantemente referida, foi uma declaração antecipada de um apoio a uma eventual recandidatura de Manuel Alegre. Discorde-se ou não daquela posição (e eu discordava) a mesma foi interpretada, diria que por todos, como um apoio a Alegre. Não me parece intelectualmente sério pois esgrimir com “diferentes interpretações” sobre o ponto aprovado. “O Bloco de Esquerda defenderá a necessidade de uma candidatura presidencial da convergência mais ampla possível para a luta política da esquerda, sem prejuízo da possibilidade de apoiar uma candidatura da sua área política no caso em que essa alternativa não se concretize”.

Dito isto, e independentemente da deliberação da Convenção “sugerir” o apoio à candidatura de Alegre (que repito discordava), face à evolução das posições de Alegre, dando um apoio claro a Sócrates nas legislativas (participando mesmo num comício), dizer que em minha opinião, deveria ser incentivado o retomar do debate, de forma serena e leal, longe dos focos, centrando-o exclusivamente nas presidenciais, colhendo o pulsar dos militantes sobre este tema controverso.

Por fim uma primeira reafirmação: a pluralidade de opiniões, as divergências saudáveis, o respeito pelas diferenças, neste espaço da esquerda que o Bloco reclama são inevitáveis e simultaneamente enriquecedoras num projecto em que os homens e mulheres de esquerda, se quiseram que seja triunfante, precisam de se encontrar, procurar pontes, conversar, concertar políticas de unidade, definir projectos políticos, unir-se em torno de programas mínimos, afinando-os, refinando-os, para paulatinamente construir uma alternativa séria de poder. Um novo partido de esquerda. E que as rupturas serão inevitáveis neste processo. E a segunda reafirmação: a não concordância com a existência organizada de tendências. O Bloco não é uma federação de partidos. As organizações de tendências propendem a acantonarem-se a posições fixas, a funcionarem com espírito de grupo, vanguardistas e sectárias, pouco disponíveis para aceitar as posições contrárias.

Como aderente do Bloco (de base e sem actividade militante evidente), em minha opinião e independentemente do exercício de um direito dos proponentes, não posso concordar com a organização de uma Convenção extraordinária que coloca em causa uma decisão legítima dos órgãos competentes; a da última Convenção que determinou a estratégia e da Mesa Nacional que aprovou o nome de Manuel Alegre, transmitindo ao mesmo tempo uma imagem errada e negativa do funcionamento do Partido.

Reafirmo o que disse mais acima. Uma Convenção extraordinária seria errada, irresponsável, ininteligível aos olhos dos simpatizantes e eleitores e colocaria em causa decisões legítima dos dirigentes. Errada porque a decisão foi tomada conforme as competências estatutárias. Irresponsável porque não olha aos interesses superiores da organização, na problemática de umas eleições presidências, qualquer que fosse a decisão. Inexplicável porque as eleições são unipessoais e não comprometem necessariamente os partidos políticos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Está na hora. Na hora de fazer a luta toda!

Sócrates é alguém que me irrita sobremaneira. Nada dele me inspira confiança. Ouço-o e digo logo que está a mentir. Todas estas medidas apresentadas para combater o défice e o endividamento, agora no PEC, ainda há uns poucos meses atrás, faziam Sócrates desembainhar a espada, combatendo desabridamente todos os que se atreviam a o contrariar. Com a desfaçatez e falta de vergonha que se lhe reconheçe, recupera agora algumas delas, como sendo agora boas e como se não houvesse um antes, em que eram muito más. Mas as suas palavras estão registadas para memória dos mais "distraídos". Sócrates é também um troca-tintas.

Com o PEC espera-nos o mesmo de sempre: sacrifícios e mais sacrifícios aos de sempre e ao país a delapidação do património público. Com a diminuição dos salários, com o enorme desemprego, com as famílias sem poder de aquisição, como dinamizar a economia se as pessoas não podem comprar? Adivinho o pior: A falência das pequenas empresas e do pequeno comércio e mais desemprego. E ao privatizar empresas estratégicas como assegurar o serviço público? Como levar a carta a Garcia? Como perceber a venda de empresas públicas rentáveis? Depois dos anéis vão os dedos!

Onde fica o investimento público tão reclamado e necessário para a economia reclamado por Sócrates e de que agora abdica? Onde fica o ataque à classe média, com o fim de benefícios fiscais, em sede de IRS, onde existir oferta pública, como na saúde e educação ou nos PPR's, tão vilipendiados quando defendidos pelo Bloco?

E onde entra a parte da contribuição dos ricos? Porque não se acaba com a indecência das fortunas obtidas em bolsa em mais-valias, não pagarem um cêntimo de impostos se fruídas há mais de um ano? Porque não se acaba com os privilégios de um IRC mais baixo dos Bancos? Porque não um imposto solidário sobre as grandes fortunas? Porque não se acabam com as mordomias, os serviços inúteis, o esbanjamento com as assessorias?

Está na hora. Está na hora de fazer a luta toda!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Por uma Cuba livre, democrática e ... socialista já agora.


"há momentos na história dos países que tem de haver mártires. Eu estou disposto a morrer. Já é hora de que o mundo perceba que este governo é cruel."

Com estas palavras o jornalista dissidente cubano Guilherme Farinhas afirmava a vontade de honrar a morte de Orlando Zapata ao fim de 85 dias de greve de fome.

Ao mesmo tempo que Guilherme Farinhas acaba por ser hospitalizado de urgência ao fim de sete dias de greve de fome e sede, a diplomacia cubana defende-se dizendo que os dissidentes "são agentes pagos pelos Estados Unidos".

Não consigo perceber! Ser pago para oferecer a sua própria vida não me parece que seja um bom negócio. 

O regime de Cuba já não consegue encobrir que é um governo de tiranos. Já o afirmei em outras ocasiões e repito-o: "O bloqueio económico não legitima tudo: justifica pobreza, atrasos na modernidade. Não justifica desigualdades, falta de liberdades; de reunião, de expressão, de manifestação, de impedimentos à livre organização de partidos, movimentos cívicos e sindicatos, de eleições livres, de prisões, tortura, assassinatos, por delito de opinião. De impedimentos à circulação de pessoas e bens. Um regime, um Estado, uma sociedade, onde não é possível dizer o que se pensa, criticar, dizer mal, ou eleger livremente os dirigentes. Pode haver socialismo sem direito de greve, sem respeito pelos direitos humanos, socialismo com pena de morte?"

Assine aqui a petição pela libertação de todos os presos políticos em Cuba.

terça-feira, 2 de março de 2010

O ex-director dos Impostos Paulo Macedo apresentou queixa à Judiciária contra o blogue O Jumento por publicar informação confidencial // A Interpol investigou o caso, mas o autor só agora foi encontrado: um quadro superior do Ministério das Finanças

imagem retirada ao Jumento
O titulo deste post é o sub-título a toda a largura da primeira página do jornal i de hoje. Segundo a notícia do i o blog Jumento estaria a ser investigado pela Interpol para descobrir a identidade do seu autor que escrevia a coberto do anonimato. Lendo o sub-titulo poderia depreender-se que a Interpol teria descoberto a identidade do autor. Mas é uma ideia falsa! Quem descobre a identidade do autor é o jornalista que a divulga no jornal.

É nojenta esta forma de jornalismo. Um jornalismo bufo e pidesco. Pessoalmente, não gosto de quem faz denúncias mesmo se justificáveis ... e em certas situações até se justificam, mas nem parece ser o caso (ver esclarecimento do Jumento).

O que o jornalista (e blogger, Paulo Pinto Mascarenhas -do 31 da armada) soube, soube-o, tudo leva a crer, por intermédio de um outro blogger (que pese ser um fervoroso defensor de Sócrates e do PS, me parecia ser uma pessoa séria - não coloco um link para os seus post pois o seu nome desapareceu da lista de autores do Simplex !?), agora colunista do jornal i, e na altura companheiro do Jumento no blog Simplex (um blog de apoio ao PS nas últimas legislativas), mas agora dissidente, em consequência dos contactos pessoais e da troca de comunicações que se deram na altura do Simplex.

Outra nojice! Infelizmente há sempre alguém disposto a prestar-se a papéis destes. Isto não é jornalismo de investigação! É bufaria, vingança, ajustes de contas. Ou parece ser. O que não é ... é próprio de pessoas de bom carácter. A denúncia à polícia por parte de um jornal (e de um jornalista e blogger) é inconcebível, especialmente se, a haver crime, ele não afecta nenhum alicerce fundamental da democracia ou da justiça. Este não pode ser um país de bufos e de medos.

Por fim e mesmo respeitando quem opta pelo recurso ao anonimato, dizer-vos que não aprecio que se escondam atrás de um pseudónimo, muito embora e infelizmente, a sucessão de processos e as chatices que muitos sofreram por colocar a sua assinatura e a identidade no que publicam, a isso devesse aconselhar, se calhar, digo eu. Eu que, por causa de ter a descoberto a minha identidade, também já fui alvo de um processo em Tribunal, felizmente já resolvido e sem nenhuma consequência, para mim. Mas disso darei conta brevemente.

A minha solidariedade ao Jumento, independentemente das minhas divergências políticas e sobretudo pelo seu "socratismo" militante e sectário.
 

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