quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Declaração de Cavaco: mais achas para a fogueira

Cavaco Silva suspeita que estar a ser vigiado embora não o diga de forma clara. Ontem, na declaração ao país, lançou uma nova acha: a de que as comunicações informáticas a partir de Belém poderiam estar a ser interceptadas.

Quando afirma "onde está o crime de um assessor do Presidente da República desconfiar, sem nenhuma prova, que o primeiro-ministro anda a vigiar o chefe de Estado e decidir contar isso a um jornalista para ele publicar, entregando-lhe até alguma documentação", Cavaco Silva, por interposta pessoa, diz o que pensa: não tem provas mas desconfia de que está a ser vigiado pelo Governo.

Agora está aberta uma nova crise institucional:
a) Cavaco Silva não fechou o caso esclarecendo sem ambiguidades todos os seus contornos: a) se suspeita de estar a ser vigiado. b) se deu instruções a Fernando Lima para intervir junto da imprensa. c) porque "demitiu" Fernando Lima. d) porque permitiu a exploração eleitoral do caso, primeiro pelo PSD ao falar em asfixia democrática e depois ao PS "demitindo" Fernando Lima em plena campanha. Como deitou mais petróleo para o fogo ao referir-se às "vulnerabilidades" do sistema informatizado (o que é quase anedótico se não fosse trágico), deixando a ideia de intercepção dos seus e-mail's.
b) Sócrates deveria ter falado, em vez do seu braço direito ministro Silva Pereira, para colocar água na fervura não prolongado uma crise artificial.
c) também o PSD parece ter esquecido que já não estava em campanha e reacendeu o tema das escutas, na declaração após a comunicação de Cavaco Silva.

Adivinham-se tempos difíceis na "cooperação estratégica". Cavaco Silva esteve ao seu nível: ao nível de um Presidente sem jeito para estas coisas e ... perigoso. O PS e o PSD que tanto falam em sentido de Estado revelam-se afinal irresponsáveis e incompetentes quando toca a gerir dificuldades no relacionamento institucional.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cinco lições das eleições (por Francisco Louçã)

"O Bloco fala claro. Sim, é preciso reconfigurar a esquerda e criar uma nova força para disputar a maioria. Só haverá um governo de esquerda se no país for criada uma força social de combate pela justiça económica."
A análise de Louçã às legislativas no esquerda.net  reproduzidas abaixo, com a devida vénia.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Legislativas 2009: Um governo de iniciativa presidencial a caminho

Com um PS a ganhar as eleições com menos votos que em 2002 quando perdeu as eleições para o PSD, com um PSD escangalhado, com coligações impossíveis com o Bloco e o PCP, não me parecendo possível um acordo com o CDS, o Presidente da República, Cavaco Silva vai convidar uma personalidade "independente", do Bloco Central, para formar o novo Governo. É apenas um palpite: Cavaco Silva não vai tolerar um Governo minoritário de Sócrates sabendo que este vai governar em tensão para cair daqui a 2 anos, acusando de obstrução as restantes forças políticas e tirar proveito político. Cavaco Silva é demasiado amigo do PSD para entrar nesse jogo.

Legislativas 2009: Bloco e CDS os grandes vencedores

PS perde mais de 500 mil votos e perde mais de 20 deputados.
PSD consegue mais 7 mil votos e mais 6 deputados.
CDS consegue mais 175 mil votos e mais 9 deputados.
Bloco consegue mais 190 mil votos e mais 8 deputados.
CDU consegue mais 14 mil votos e mais 1 deputado.

O Bloco é o partido que mais cresce em número de votos e dobra o número de deputados. O CDS é o partido que elege mais deputados passando a terceira força política. O PCP aguenta-se mas passa a quinta força política. O PS e o PSD acabam por ser os grandes derrotados. O PS porque, não obstante ganhar as eleições, perde meio milhão de votos, perde a maioria absoluta e obtém piores resultados que em 2002 quando perdeu as eleições para Durão Barroso. O PSD porque tem resultados confrangedores ao nível dos de Santana Lopes em 2005.

domingo, 27 de setembro de 2009

Legislativas 2009: Bloco de Esquerda o grande vencedor

A confirmarem-se todas as previsões, um grande vencedor: o Bloco de Esquerda. Todos os objectivos cumpridos. O PS perde a maioria absoluta. O PSD não ganha as eleições. O Bloco de Esquerda mais que duplica o número de deputados. Apenas um lamento: o CDS não ficar em último lugar.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Manter a esperança ainda


Está a terminar a campanha às legislativas. As razões do meu voto no Bloco de Esquerda estão por demais explicadas. Fiz tudo para derrotar as políticas de Sócrates. Estive presente em todas as lutas possíveis. Lembrei todos os dias o código de trabalho. A retirada dos direitos sociais. Os negócios que beneficiam os amigos e os donos do dinheiro. As prioridades invertidas nas escolhas decisivas. A falta de rigor e transparência nas decisões executivas. Afirmei que era preciso dar uma lição ao PS e PSD por estes Governos de Alterne que aprofundaram as desigualdades. Bati-me pelo reforço das esquerdas para afirmar uma alternativa. Foi um combate duro. A mentira, o medo, os fantasmas foram lançados (com algum êxito, creio -sou um pessimista)para estancar uma maré que se avolumava todos os dias (aprende a nadar companheiro ...)e ameaçava os interesses instituídos. Agora que a vitória do PS parece estar conseguida interessa que não se repita, pelo menos, a maioria absoluta.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Traficâncias


José Lello e António Braga, dirigente do PS e Secretário de Estado das Comunidades, são acusados de terem oferecido lugares na administração das empresas Vivo e das Águas de Portugal, a operarem no Brasil, ao empresário Licínio Santos, empresário brasileiro envolvido num processo de corrupção conhecido pela Máfia dos Bingos, em troca de financiamento ao Partido Socialista. A denúncia parte de um outro membro do PS, candidato às legislativas de 2005 pelo circulo fora da Europa, Aníbal Araújo.

PS e PSD estão demasiado envolvidos em negócios sujos sendo que num e noutro caso com uma aparente conivência das direcções partidárias. Sinto-me enojado. Não por isto acontecer. Começamos a estar habituados. Mas pela condescendência deste povo com estas indecências. Uma vergonha. Acordem, porra!

O rendimentos dos políticos e a relação com o poder


O Correio da Manhã publica os rendimentos dos dirigentes partidários e quanto pagaram em IRS em 2008. Não percebo o interesse desta notícia. Mas convém perceber de onde vêm os rendimentos da Presidente de Manuela Ferreira Leite. Daqui, segundo o Câmara Corporativa: da reforma de política (?), reforma do Banco de Portugal, ordenado suportado pelo PSD (igual ao vencimento de vice-primeiro-ministro) para compensar o que os espanhóis do banco Santander lhe pagavam.

Os restantes recebem apenas o vencimento de deputados. Sendo que há ainda assim um que faz uma pequena diferença: é que continua a dar aulas como Professor Catedrático, mas gratuitamente. Uma grande diferença afinal. É que os políticos, apenas políticos, (e não me refiro aos dirigentes mas a todos os que fazem da política uma carreira) carregam sempre um grande empecilho: se perderem o poder o que vão fazer a seguir não tendo uma profissão a sério ou um emprego? Pois, eu sei que há sempre um lugarzinho para lhes ser oferecido, "pelos bons ofícios" numa qualquer Galp, Edp, Mota-Engil, Banco Portugal, Lusoponte ... chega?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

E ao terceiro dia a candidatura do PSD ressuscitou

Há dois dias a candidatura do PSD tinha morrido com a "admissão" de culpa de Cavaco sobre a teoria das "escutas telefónicas". Agora, ao terceiro dia "ressuscitou" com a parvalheira do PS de comparar Manuela Ferreira Leite a Salazar. Estamos entregues à bicharada. E ainda há quem vote no PS e PSD. Tadinhos...

Um apagão na memória recente

O PS tem beneficiado de um súbito apagão na memória recente das pessoas. Nestes 15 dias de campanha, já ninguém fala da pobreza que continua, das pensões miseráveis, do aumento do tempo de trabalho e redução dos valores da reforma nos próximos anos em cerca de 50%, dos prémios vergonhosos aos gestores públicos e privados, do emprego que se perde e nunca mais se recupera, dos negócios sem concursos para beneficiar os homens do dinheiro e os amigos, da desvalorização dos salários, da retirados de direitos sociais e laborais. Ninguém se lembra do código de trabalho, da precariedade do emprego, do desemprego galopante. Das prioridades nas escolhas. Da falta de rigor e transparência nas decisões. Da falta de credibilidade e arrogância do Primeiro-ministro, da ministra da educação, da incompetência da maior parte dos ministros. Ninguém se lembra já dos créditos perdoados a filhos, dos desfalques na banca, da manipulação dos preços na energia e produtos petrolíferos, da manutenção dos offshores, branqueamentos do dinheiro sujo. Do aumento de todos os impostos. De um país que continua a ser o mais desigual da União Europeia.

As campanhas eleitorais vivem de frases fortes que desviam as atenções, confundem, mentem. Eu não esqueço esta governação. Não esqueço que o Governo elegeu como alvo os mais fracos, os mais desprotegidos, os trabalhadores, para as fazer as "suas" reformas. Não esqueço que em tempos difíceis, foi aos trabalhadores que se pediram os sacrifícios.

Se nunca fui seduzido pelo voto útil que sempre foram um obstáculo à mudança e responsáveis pelo atraso no país e porque sempre achei que os partidos devem ter apenas os votos que merecem, agora menos faz sentido: o PSD já perdeu estas eleições. O voto útil deixou de fazer sentido. É tempo pois de reforçar as esquerdas. Por mim, já o disse, voto no Bloco de Esquerda.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Um forrobodó! Há que pôr termo a estas vergonhas


Uma empresa com maioria de capital do Estado remunera 5 gestores executivos, em prémios de gestão, com mais de 1,4 milhões de euros. Ainda segundo o Correio da Manhã, fazendo referência ao relatório de Governo Societário do Grupo REN, no ano de 2008, os administradores executivos, incluindo gestores de outras sociedades participadas, receberam em remunerações fixas e variáveis um total de 3,27 milhões de euros. Lembre-se que o Presidente da REN o militante socialista José Penedos, foi reconduzido no cargo pelo actual Governo. Será que o Governo, em nome dos interesses do Estado, não vai intervir?

Vender a Amorim e a Eduardo dos Santos por patriotismo


Sócrates em entrevista ao Diário de Notícias de ontem, a propósito da venda da Galp a Américo Amorim diz que o "Governo se limitou a agir de forma patriótica e impedir que a empresa passasse - como estava tudo preparado - para mãos italianas [a empresa ENI]".

Louçã recordou entretanto: "esses italianos da Eni, perigosíssimos, compraram um terço da Galp porque um determinado ministro, chamado Pina Moura, de um governo em que estava um outro ministro que se chama José Sócrates, aceitou que eles ficassem, perigosos como são, com um terço da Galp".

"Já começam a perceber a tramóia", observou: "o Governo, que é um grande patriota, no seu tempo anterior, vendeu um terço aos italianos, e o grande patriota no governo seguinte vende a Amorim e ao dinheiro angolano porque não quer que alguém venda aos italianos." Para Louçã, "Sócrates foi patriota contra ele mesmo": primeiro vendeu aos italianos e depois, para não vender mais aos italianos, vendeu a Amorim e ao presidente angolano.

O coordenador do Bloco fez ainda notar que o governo vendeu 1/3 da petrolífera por 1700 milhões de euros quando "todos os bancos consultados sobre qual era o valor da Galp" disseram que esta "valia mais 1000 milhões de euros": "Logo na venda o Estado perdeu, os portugueses perderam", acrescentou.

Pior ainda, Amorim e José Eduardo dos Santos ganharam em dividendos e em apenas dois anos, 1500 milhões de euros. "Quer dizer: em três anos já recuperaram tudo e já estão a ganhar. E nos anos seguintes só ganham."

domingo, 20 de setembro de 2009

Poder ser incoerente mas ser consequente sempre


Tenho conta bancária, seguro de vida, um empréstimo bancário de habitação, um plano de saúde do grupo PT, tive acções da PT (oferecidas pela empresa) e algumas acções da EDP, a minha mulher tem um PPR, tenho carro e abasteço algumas vezes na Galp, uso os serviços de energia da EDP, tenho um nível de vida satisfatório. Contudo, defendo um sistema bancário público forte, uma segurança social solidária, um Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito, a aposta num sistema de arrendamento justo para habitação, a privatização da EDP e da Galp, defendo os mais pobres e a justiça social. Estarei a ser incoerente? Talvez. Mas vou continuar a combater e a apoiar todas as lutas contra as injustiças e as desigualdades, dando luta a toda a corja de impostores que, apontando-nos estas pequenas contradições, se vão enchendo à custa da exploração e da desgraça alheia, com estas falinhas mansas. Que se fodam todos! Ser solidário sempre!

sábado, 19 de setembro de 2009

Uma força que se mede pela incómodo que causa

De repente um pequeno partido, o Bloco de Esquerda, passou a estar no centro de todas as notícias. O seu programa eleitoral, as palavras dos seus dirigentes são esmiuçados de fio a pavio, circunstância estranha quando o partido apenas disputa uma maior representação parlamentar, para condicionar políticas de direita e afirmar uma alternativa, programática e de projecto político, a médio prazo. Não sendo previsível o Bloco de Esquerda ganhar as próximas eleições (logo o seu programa eleitoral não será o programa de Governo), que raio explica tanto nervosismo sobre o seu programa, relegando para segundo plano, os que presumia-se mais poderiam interessar discutir, por serem os que vão decidir as políticas na próxima legislatura, os do PS e do PSD.

Não deixa de ser curioso e terá uma explicação linear: o Bloco de Esquerda é já um projecto consistente. Uma verdadeira alternativa. Um projecto que está a despertar reflexões. A inflamar consciências. A convocar esperanças e forças. A reclamar justiça, direitos, respeito, uma vida decente e digna. A resgatar o verdadeiro significado da palavra Socialismo.

Tudo isto explica os ataques ferozes ao Bloco, às suas propostas e agora aos seus dirigentes. Começando pelas propostas: elas são públicas, estão publicadas em livro, estão disponíveis no site do Bloco, foram colocadas à discussão pública. E não foram colocadas para não serem lidas! A diferença que assusta é que elas são as propostas de um programa socialista. Um programa que reclama controlo público dos sectores estratégicos. O combate à evasão fiscal. Um sistema fiscal mais simples e transparente, com menos deduções e impostos mais baixos para quem trabalha. Pensões de aposentação dignas. Um trabalho com direitos. Justiça na economia. É isto que está em causa. É sobre isto que os portugueses se devem pronunciar. Não agitando fantasmas e papões e deixando a decisão sobre as alternativas à consciência livre dos eleitores. O ataque a alguns dirigentes do Bloco, como o do Expresso, este sábado, tentando-os descredibilizar com o caso dos PPR’s, prova que ou não perceberam nada das propostas do Bloco ou que são desonestos, proposição mais provável. Na linha, aliás, do que se passou com as deduções fiscais e das nacionalizações. Ler a explicação de Louçã.

Alguém o terá o dito: a força mede-se não pela demonstração da força mas pelo incómodo que causa. O Bloco parece-me estar no bom caminho. O caminho da redefinição do projecto e do apuramento ideológico.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Isto está a compor-se

Ana Gomes, eurodeputada do PS, defende uma coligação com o Bloco de Esquerda se o PS não obtiver a maioria absoluta. Fica bem esta posição a Ana Gomes, uma mulher que considero. Mas Ana Gomes tem de ter paciência. O Bloco e Francisco Louçã sempre foram muito claros nesta matéria: é impossível um acordo com este PS; um PS dos negócios sombrios, de retrocesso dos direitos laborais, do aumento da idade da reforma e diminuição das pensões, do aumento da precariedade, das prioridades trocadas, do Estado mínimo. Mude-se o PS e os acordos serão possíveis, quero crer. Louçã não se cansa de dizer que os votos de esquerda não faltarão nas políticas de esquerda. O que importa mesmo é fazer crescer as correntes da esquerda para forçar novas políticas.

O reforçar do Bloco é um aviso sério de que o país estará a mudar e que os portugueses, especialmente as pessoas de bem estão fartos deste regabofe em que para uns nunca falta nada e para a maioria "é só porrada e mal viver", para citar José Mário Branco.

A "revolução" pode estar à porta.

Excepcional: Gatos fedorentos esmiuçam Louçã

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Soltem-se as feras

A entrevista da Antena 1 parece não ter corrido bem a Sócrates. Nela exibiu o animal feroz que diz ser, ou dito por mim: um ser arrogante, provocador, controlador; que procura amaciar agora, como tem sido bem patente nas últimas aparições nas televisões. A forma não batia certo e não terá passado despercebido aos seus assessores de imagem que trataram de impedir a reprodução em vídeo da entrevista. Assim, fica apenas o registo em áudio, as partes mais elucidativas, tratadas pelo 31 da Armada, para ver como Sócrates perde o verniz com facilidade. Basta chamar temas mais incómodos.




sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Isto vai amigos, isto vai!

Antes das eleições europeias, Sócrates e companhia, pensavam que as eleições legislativas seriam um passeio. Fiados nas fraquezas do PSD, a tradicional alternativa, e exibindo uma sobranceria grosseira com os outros partidos, do alto da sua absoluta arrogância, calcavam direitos, enxovalhavam todos; cegos e autistas para impor as suas políticas levaram tudo na frente, ao arrepio da convivência democrática, da negociação, do respeito, da dignidade das pessoas, dos direitos dos trabalhadores que dão o seu melhor, das famílias que exigem tempo, condições, tranquilidade para uma vida decente. O resultado das eleições europeias trouxe-os à terra. Apesar de a “alternância” à direita ser fraca e da alternativa à esquerda não ser clara, o PS teve a lição que merecia: a derrota. Estavam lançados os dados. Com as legislativas à porta o PS e Sócrates fizeram uma inflexão táctica. Moderou o discurso, a linguagem, a postura agressiva. Sócrates passou a ser delicado, doce e moderado nas observações sobre os adversários. Um estratagema para pessoas sem memória.

Mas há quem teime em não deixe cair o passado. Que o lembre todos os dias. Que lembre o código de trabalho. A retirada dos direitos sociais. Os negócios que beneficiam os amigos. As prioridades nas escolhas decisivas. A falta de rigor e transparência nas decisões executivas. E como isso incomoda, Sócrates e amigos.

O alvo agora é o Bloco. O Bloco é o horror! Uns radicais com propostas tenebrosas. Que querem acabar com a classe média. Suprimir os ricos. Retirar os benefícios fiscais. Nacionalizar os bancos, os seguros, a energia, oh horrores! São os jornais, as televisões, os comentadores políticos encartados, todos no mesmo tom. A imprensa que leva o Bloco ao colo onde está? Os comentadores que engraçam com o Bloco onde andam?

Tanta mentira! Tanto medo. Tanto incómodo. Tenham calma. A mentira montada sobre as propostas do Bloco podem criar dúvidas a alguns, atemorizar outros. Mas as propostas são públicas e claras. Foram discutidas na Internet. Estão na Internet. Foram publicadas em livro. E as que mais atemorizam são e foram afinal defendidas por figuras tão insuspeitas como Bagão Félix, Saldanha Sanchez e, imagine-se esse terrível esquerdista, deputado europeu pelo PS, Vital Moreira.

Tenham calma. Não será desta que o Bloco será Governo. Somos mais exigentes. Esta esquerda que não se rende ao neo-liberalismo, quer uma esquerda mais forte, uma nova força de esquerda se for o caso. Um grande partido da esquerda. Os tempos estão de feição.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Já poupamos 500 milhões de euros

"Depois de hoje à noite (terça-feira) já não vai ser possível manter o negócio com Jorge Coelho para uma auto-estrada (...) Eles fizeram tudo por aquele negócio, tinham um preço, negociaram a adjudicação e as condições contratuais que estavam a preparar e na comissão de negociação, com o ministério e as Estradas de Portugal lá se passa de 535 milhões de euros para 1174 milhões de euros como se fosse uma coisa que passasse com uma mão sobre este escrito"

Depois da denúncia de Louçã, o Ministro Mário Lino veio negar a concessão à Mota-Engil ou a qualquer outro dos concorrentes. Muito bem: significa que o Estado já poupou 500 milhões de euros. Obrigado Louçã!

Com um sofisma Sócrates conseguiu safar-se ...mas sem conseguir enganar quem pretenderia

Sócrates quis encostar o Louçã à parede com um aspecto do programa do Bloco porventura menos conhecido do grande público. Mas começou com uma mentira; a de que o Bloco a pretendia esconder quando é público que o programa foi discutido na internet. A questão prende-se com o fim das deduções específicas no IRS de despesas da saúde e da educação. Sócrates insistiu neste tema até à exaustão, pensando ter encontrado ali o ponto susceptível de causar um grande embaraço, como efectivamente pareceria ser (e poderá vir a ser – se não for devidamente explicado) por, ao retirar a possibilidade dessas deduções, sem mais, na prática, isso provocar um aumento da carga fiscal, mais em especial à classe média, aquela que mais usa estes mecanismos.

Com isto Sócrates quis desviar o debate e remeter Louçã para uma posição defensiva e assim ganhar tempo e não ser confrontado com as suas políticas em áreas em que manifestamente iria ser massacrado por Louçã. Digamos que esta táctica surtiu efeito. Não apenas obrigou Louçã a desgastar-se em explicações com este tema – a que não poderia fugir porque uma proposta desta natureza carecia de uma boa explicação, pelas suas implicações no bolso dos portugueses.

Claro que Sócrates agiu com sofisma ao não acrescentar a contrapartida a essa medida: a defesa de um modelo alternativo assente na gratuitidade do ensino e da saúde; e sendo gratuito o acesso e as despesas com a saúde e o ensino não faz sentido fazer deduções de despesas que não existiriam. Louçã teve enfim de explicar, por duas vezes, que o Bloco defende um processo fiscal simplificado, rigoroso e transparente que melhor proteja dos abusos e fraudes (o custo das deduções fiscais tem um impacto na economia do Estado de mil milhões de euros) e um modelo de reutilização dos livros escolares, cujo significado se traduziria numa poupança significativa do Estado.

Depois ficaram coisas para o anedotário de Sócrates: por um lado não gosta que Louçã afirme que ele vendeu – fica indignado! Que não foi ele foi o Governo. Mas logo a seguir diz que eu fiz isto e fiz aquilo. Depois diz que Louçã teve uma descaída ideológica quando foi Sócrates que andou pelo PSD. Sobre as nacionalizações outras mentiras: O Bloco propõe a nacionalização da energia e não dos bancos, seguros, etc.

Acabou por faltar tempo para confrontar Sócrates com os erros e as opções políticas do Governo apesar disso ainda teve que ouvir falar sobre alguns negócios ruinosos e alguns obscuros. A entrega sem concurso do terminal de Alcântara por longos anos à Mota Engil, a entrega ao desbarato da Galp a Amorim e a José Eduardo dos Santos, a adjudicação de uma auto-estrada por um preço que entretanto terá sido acrescentado em 500 milhões de euros (um assunto que terá de ser clarificado dado que Sócrates o nega). E ainda sobre a encenação de inauguração de um Hospital. Ou o código de trabalho que agora fez aprovar contra aquilo que defendia quando estava na oposição.

Por todas estas razões Sócrates acabou por safar-se. Mas creio que apesar disso não ganhou nada com este debate pelo contrário. Neste debate ficou-se a saber que também é um malabarista. Para além das outras características que conhecemos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Um debate esclarecedor

Ontem vi um debate esclarecedor: De um lado a esquerda de outro a direita. Sobre a economia, a segurança social, a saúde, a educação ficaram bem vincadas as diferenças. De um lado um Estado a não descuidar as pessoas. Do outro deixar tudo ao mercado. De um lado uma visão humanista, democrata, sobre as liberdades individuais e os direitos colectivos. Do outro uma visão condicionada e retrógada. De um lado uma pessoa segura, com propostas, ideias, uma visão clara sobre o país. Do outro, hesitações, indefinições, desconhecimento do seu próprio programa eleitoral. Em suma: um debate em que ficou claro ser Louçã o político mais bem preparado e mais competente.

Mas isto foi o que eu vi. Nos comentários que se seguiram nas televisões, SIC-Notícias, TVI24 e RTPN, todos os comentadores viram o contrário. Não podendo evitar a excelência da prestação de Louçã e incapazes de o contraditar, falam em propostas inviáveis sem contudo concretizarem esta afirmação. E elogiam Manuela Ferreira Leite apenas porque as perspectivas à partida eram baixas. Não há pachorra! A propósito não há comentadores de esquerda nas televisões? No fim de debate fica a interrogação: quem era o candidato a primeiro-ministro?

sábado, 5 de setembro de 2009

Que pobreza franciscana de debate.

Jerónimo de Sousa parece ser boa pessoa. Bem-intencionada. Alguém verdadeiramente preocupado com o bem-estar do povo. Um homem com uma grande consciência social. Um político com pensamentos bem arrumados. As prioridades políticas bem definidas. Jerónimo de Sousa é seguramente um Senhor. Mas por favor, não é um líder político. Muito menos para o mais alto cargo de um partido como o PCP. Jerónimo de Sousa, vê-se, é uma pessoa inteligente, conhece bem os problemas do país, desenrasca-se bem na disputa política, no debate. Mas faltam-lhe outros atributos: falta-lhe rasgo, nervo, voz de comando, raciocínios na ponta da língua, competências técnicas e políticas para a alta política e debates mais intensos. Jerónimo de Sousa mostrou muitas fragilidades no debate de hoje com Sócrates. Com Jerónimo de Sousa na liderança do PCP, não vai bastar a sua simpatia (quando a disputar o mesmo terreno político está um político com as capacidade de Louçã), para aguentar o seu eleitorado, estou em crer. Jerónimo esteve apenas bem num único momento; quando fala no país real em oposição ao país pintado a cor-de-rosa de Sócrates. De resto Jerónimo não foi capaz de contraditar Sócrates. Juro que faria melhor.

De Sócrates, pouco a dizer: a pose serena, o tom de voz doce, os esgares de injustiçado e incompreendido, cheira tudo a falso, a fabricado. O seu país não é o dos 2 milhões de pobres, dos 600 mil desempregados, dos baixos salários, da precariedade, dos serviços de protecção social mais débeis, do país com o maior fosso entre ricos e pobres da Europa, das pessoas que vivem em contínuo sobressalto com a edução dos filhos, a saúde dos pais, a casa para pagar, a possibilidade de perder o emprego, a perspectiva de perder os apoios sociais. Um nojo enfim.

Opinião: O PS de Sócrates é contra a liberdade.

Opinião: O PS de Sócrates é contra a liberdade - PUBLICO.PT

O Eduardo Cintra Torres é capaz de estar certo. Feito o balanço o PS tem mais a ganhar do que a perder com o silenciamento do Jornal da TVI.
 

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