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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Lei das Finanças Regionais aprovada.

Com a nova Lei das Finanças Regionais, hoje aprovadas na Assembleia da República, são agora mais claras as regras quanto às transferências financeiras para as regiões e mais apertado o controlo quanto ao endividamento permitido. Com a excepção do PS todos os partidos votaram contra as transferências casuístas e o regabofe de um endividamento descontrolado e crescente (à medida dos destemperos de João Jardim, dono e senhor da ilha, mas completamente incapaz de resolver os graves problemas da região -que um falso PIB mascara).

O paradoxo é que estes mesmos partidos que votaram estas alterações são os mesmos que aprovaram na Assembleia Legislativa da Madeira (com a abstenção do Bloco), a continuação do regabofe; um endividamento destravado e uma "transferência" de 150 milhões verdadeiramente inconcebível. Agora, reafirma-se, colocados termo, com a "transferência" reduzida a 50 milhões e regras de endividamento mais controladas.

Por cá, o PS e o Governo ameaçam com a demissão: o PS e o Governo que no ano passado, em plena crise, adiantaram 130 milhões e já no fim do ano mais um aval de 79 milhões. O PS que na Madeira aprovou a proposta de "transferência/endividamento" de 150 milhões. Uns sem-vergonha!

O PSD, por outro lado, mostra quanto é um partido destrambelhado. De uns iniciais 150 milhões de euros, fortemente reivindicativos, reclamados, exigidos com toda a veemência, acaba por aceitar qualquer coisa. O PSD acabou por ir aos saldos. Uma questão de falta de consistência, rigor, seriedade e responsabilidade. Sem cura, possível.

As posições contraditórias do PCP e do CDS; na Assembleia Regional da Madeira com João Jardim sobre o montante da "transferência", e na Assembleia da República com todos os partidos da oposição contra a irresponsabilidade e o despesismo insustentável, mostram uma cedência aos subjectivismos e interesses das clientelas regionais. Fica um aparte: o medo que tenho da regionalização embora concordando que há que fazer algo mais para descentralizar meios e competências.

O Bloco de Esquerda manteve na Assembleia da República coerência com a posição assumida na Assembleia Legislativa da Madeira: a recusa de uma Lei com "um cunho despesista e de endividamento verdadeiramente assustador".

Nota: Para perceber melhor o alinhamento de posições das oposições deixo-os com as explicações de Francisco Louçã sobre a posição do Bloco e se forem seu "amigo" no facebook, aconselho-os a ler os seus comentários/respostas sobre algumas levantadas sobre o mesmo tema. Fica bem a Louçã (como a Miguel Portas) mostrar a sua disponibilidade para responder e esclarecer todas questões. No que me toca fiquei mais esclarecido.

Mas também ao lê-los lembrei-me do inédito dos 3 Cantos de José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto, Faz parte (O retorno das Audácias):

"Quando aos poucos
dás o flanco
e dás em justificar-te
frente ao espelho
e frente aos outros
de que fazias parte"

… qualquer coisa não estará muito bem, digo eu.


sábado, 5 de setembro de 2009

Que pobreza franciscana de debate.

Jerónimo de Sousa parece ser boa pessoa. Bem-intencionada. Alguém verdadeiramente preocupado com o bem-estar do povo. Um homem com uma grande consciência social. Um político com pensamentos bem arrumados. As prioridades políticas bem definidas. Jerónimo de Sousa é seguramente um Senhor. Mas por favor, não é um líder político. Muito menos para o mais alto cargo de um partido como o PCP. Jerónimo de Sousa, vê-se, é uma pessoa inteligente, conhece bem os problemas do país, desenrasca-se bem na disputa política, no debate. Mas faltam-lhe outros atributos: falta-lhe rasgo, nervo, voz de comando, raciocínios na ponta da língua, competências técnicas e políticas para a alta política e debates mais intensos. Jerónimo de Sousa mostrou muitas fragilidades no debate de hoje com Sócrates. Com Jerónimo de Sousa na liderança do PCP, não vai bastar a sua simpatia (quando a disputar o mesmo terreno político está um político com as capacidade de Louçã), para aguentar o seu eleitorado, estou em crer. Jerónimo esteve apenas bem num único momento; quando fala no país real em oposição ao país pintado a cor-de-rosa de Sócrates. De resto Jerónimo não foi capaz de contraditar Sócrates. Juro que faria melhor.

De Sócrates, pouco a dizer: a pose serena, o tom de voz doce, os esgares de injustiçado e incompreendido, cheira tudo a falso, a fabricado. O seu país não é o dos 2 milhões de pobres, dos 600 mil desempregados, dos baixos salários, da precariedade, dos serviços de protecção social mais débeis, do país com o maior fosso entre ricos e pobres da Europa, das pessoas que vivem em contínuo sobressalto com a edução dos filhos, a saúde dos pais, a casa para pagar, a possibilidade de perder o emprego, a perspectiva de perder os apoios sociais. Um nojo enfim.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os puros nunca se misturam

Esquerda.Net - Os puros nunca se misturam

Uma opinião de João Teixeira Lopes que subscrevo e aconselho a leitura: para perceber algumas diferenças entre o PCP e o Bloco.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Militantes do PCP recusados nas listas autárquicas levam à auto-exclusão dos restantes

Já era conhecido nos círculos próximos. Agora penso já ser do domínio público: a direcção do PCP (regional ou nacional), depois de indicar Rui Viana como primeiro candidato à Câmara Municipal de Viana do Castelo e lhe ter dado "luz verde" para formar a sua equipa, assim como para a Assembleia Municipal, acabou por recusar os nomes que o acompanhariam, posto o que, Rui Viana e restantes elementos, recusaram de todo participarem na lista da CDU.

Ao que soube, Rui Viana tinha conseguido reunir uma excelente equipa à sua volta e tinha um trunfo muito forte como primeiro nome na Assembleia Municipal: o Dr. Alberto Midões, conhecido médico-cirurgião, em tempos Vereador da CDU, uma figura estimada na cidade, um valor que arrastaria consigo (como arrastou quando se candidatou a Vereador pela CDU já lá vão uns anos), um alargado grupo de pessoas de vários quadrantes políticos, não apenas pelas suas qualidades pessoais, mas, sobretudo, pela sua competência para o lugar, inteligência, experiência, capacidade de trabalho, homem de combates, e de uma honestidade a toda a prova.

Rui Viana acreditou no impossível no PCP: conseguir, antes de tudo, reunir à sua volta pessoas capazes e com "ligações" ao partido, ainda que críticos e alguns, agora, creio, apenas militantes por razões afectivas. Seria fazer a quadratura do círculo. No PCP não à margem para quem, mesmo sendo militante, mesmo tendo um passado de dedicação, de serviço ao partido, "um dia", questionou, interrogou, teve dúvidas (ou certezas), ousou manifestar internamente as suas preocupações e críticas. Apenas posso lamentar: porque conheço razoavelmente bem Rui Viana da militância política e partidária (fazendo caminhos paralelos) e doutras actividades cívicas em que está envolvido, mas sobretudo nos últimos tempos, enquanto deputado municipal pela CDU (eu pelo Bloco), como um dos melhores (muito melhor que eu) e dos mais activos dos seus membros.

É assim o PCP: não tem remédio.

sábado, 25 de julho de 2009

Sócrates um traficante político. Joana Amaral Dias um bom exemplo.

Ponto de partida: o Bloco de Esquerda é o meu partido. Melhor dito: o Bloco é o partido que apoio, com que colaboro, em quem votei em todas as eleições, de quem fui deputado municipal e dirigente. Clarificando: quando disse melhor dito quero significar que os partidos são para mim, apenas, instrumentos da luta política. Não sou de ninguém nem nada é meu. Empresto-me e espero empréstimos. Desculpem-me a filosofia barata. Esta inserção serve para dizer que penso ter o distanciamento suficiente para observar os factos políticos, as questões partidárias, as ideologias, as coisas da vida, sem amarras e por isso livres, apenas comprometido com a minha consciência, uma consciência que não pesa, nos valores, nas amizades, nas considerações pessoais, na solidariedade.

Depois de muitos anos de intervenção política e partidária e de um tempo igual de afastamento (neste lapso mais ligado à actividade associativa, ao sindicalismo, à carreira profissional), acreditei num novo projecto político há dez anos atrás: um projecto de reunificação das esquerdas, à esquerda do PS, de um PS rendido às políticas neo-liberais e esquecido das pessoas, da justiça social, da dignidade do ser humano mais frágil, mais exposto, mais pobre. Um projecto a ser construído no dia a dia, lado a lado com as lutas, todas as lutas, desta gente esquecida, ignorada, abandonada, desprezada. Um projecto sem preconceitos ideológicos, sem certezas, sem ideias feitas, onde a política e a ideologia se moldaria nas lutas populares, se inspiraria na irreverência dos jovens, na sabedoria dos mais idosos, na inteligência dos trabalhadores, neste novo tempo das liberdades, da modernidade e das tecnologias. Contra o centrão dos interesses. Por uma esquerda moderna. Uma esquerda de confiança. Por uma sociedade social e economicamente mais justa, sobretudo respeitadora da dignidade das pessoas

Ponto intermédio: hoje politica e ideologicamente não sei o que sou depois de ter sido no passado, comunista, marxista, leninista, maoista. Agora sou pouco dado a ismos e istas. Sem complexos e sem fantasmas. Mas se quisesse colar um rótulo diria que sou uma espécie de anarca-comunista ou socialista libertário. O que sei que sou, decididamente, é uma pessoa de esquerda, uma pessoa de causas e valores, alguém que se preocupa e luta contra as desigualdades, a injustiça, a indignidade.

Ponto final: nestas eleições vou continuar a votar no Bloco de Esquerda. Não confio nos partidos e nos políticos do “Centro Político”. Não acredito em regenerações do PS à esquerda. Os partidos do impropriamente chamado “arco da governabilidade” são os partidos dos interesses, do oportunismo, do clientelismo, dos favores aos ricos e poderosos. Nunca o interesse público, os trabalhadores, os mais pobres, os desfavorecidos, os mais frágeis, serão a sua angústia, a razão primeira das suas preocupações e prioridades. Resta-me o PCP ou o Bloco. Não será o PCP porque discordo da sua visão do mundo, da sua posição sobre a Europa, do seu patriotismo tonto, de um conservadorismo político e ideológico, da sua postura vanguardista, sectarismo e finalmente do seu modelo de sociedade ou dos países que lhe servem de referência. O meu voto é no Bloco de Esquerda pelo projecto, pelas propostas, pelo programa, pela forma e conteúdo do combate político, pela capacidade e competência dos seus principais dirigentes.

Post scriptum: o PS de Sócrates tentou "pescar" Joana Amaral Dias para as suas listas de deputados. Ofereceu-lhe também um lugar de chefia num Instituto Público. Joana Amaral Dias recusou ambos os lugares resistindo às mordomias. Mostrou ser digna e de confiança. Os bloquistas que tanto nela bateram quando esta se mostrou desgostosa por ter sido afastada da Mesa Nacional bem podem agora morder a língua. Esteve bem agora Francisco Louçã ao lançar-lhe um elogio público. Ser do Bloco não é ser "bloquista". Ser do Bloco é ser fiel às suas convicções e ao seu projecto inicial. Já o referi aqui: alguns militantes do Bloco estão a perder humildade, a ganhar sectarismo (por via do seu crescimento) e a sofrer de uma doença muito típica dos grupos de antigamente: a partidarite. Sobre esta investida de Sócrates o pior da política e da pessoa: a falta de vergonha, a traficância política, enfim o PS e Sócrates no seu melhor.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Costa ou Santana? Terá de ser assim?

Não é indiferente ser Santana Lopes ou António Costa o próximo presidente da Câmara de Lisboa. Santana Lopes é um político trapalhão, inconsequente, leviano. Não tem projectos consistentes em nada, move-se por vaidades e impulsos, elegendo uma obra espaventosa para deixar a sua marca, sem olhar á utilidade, aos seus custos, às prioridades. Quem vier atrás depois que pague a conta ou feche a porta é o seu lema. É por demais conhecida também, a forma leviana, negligente e irresponsável como gere as relações pessoais e os negócios, como se deixa enredar, mesmo que sem dar por isso, quero acreditar, em teias de interesses. Com ele, ganharam os amigos, ganharam os trafulhas, ganharam os chicos-espertos e perdeu a cidade e os munícipes.

Com António Costa há diferenças. Mais político, mais astuto, com outras ambições políticas, aposta em deixar uma boa imagem, em apresentar resultados para memória futura … à esquerda. Por outro lado, agarrado a “prometimentos” passados, a “comprometimentos” de esquerda, por via das movimentações políticas de organizações e pessoas, por acordos com o grupo de Sá Fernandes e possivelmente de Helena Roseta, é razoável admitir, uma ideia e um projecto, minimamente consistente para a cidade. Bastaria isto, pois, para dizer que não é indiferente ser António Costa ou Santana Lopes o próximo presidente da Câmara de Lisboa.

Mas sobram outras razões para análise a que uma pessoa de esquerda, especialmente, não pode deixar de ter em conta, para decidir o seu voto ou votar em António Costa:

a) Em primeiro lugar não violentar a nossa consciência e não embarcar na chantagem do voto útil, o que passa por entregar o nosso voto, sempre, a quem, em nossa opinião, o merece de facto, seja por melhor identificação com os protagonistas, por uma maior concordância com um programa e finalmente, pelo projecto político em que acreditamos, conquanto neste ponto com uma grande flexibilidade mental, não deixando que a partidarite e o sectarismo cegue, sendo que só assim seremos nós verdadeiramente, sem estar prisioneiros de maiorias artificiais “validadas” em votos úteis que não permitem mudanças.
b) Em segundo lugar porque uma convergência envolve discussão de programas, debate de ideias, mobilizações de cidadãos, movimentos, associações que pensam a cidade. E isso requer tempo, energias, negociações, consensos, escolhas de pessoas e atribuição de responsabilidades. E esse papel liderante caberia a António Costa no tempo certo. Não chega, não é honesto, convocar “unidades” em torno de nada, em forma de desespero, porque dá jeito agora, táctica e politicamente, porque ressoa a medo de perder as eleições ou porque prejudica as suas ambições políticas.
c) Em terceiro lugar, depois de ter chamado “partido parasita” ao Bloco de Esquerda, exigia-se um cuidado maior, um redobrar de esforços, para chamar esta força à convergência, sob pena de o Bloco perder um pouco a face perante os seus eleitores habituais.
d) Por último e muito embora tratando-se de eleições diferentes não adianta esconder que a governação de Sócrates atrapalharia sempre. Nada contudo que um bom programa, um bom acordo, uma intenção séria de chegar a uma plataforma unida da esquerda, não ultrapassasse essa dificuldade. Assim é que não!

Como nota final, quero reafirmar que me agrada ver Sá Fernandes na lista de António Costa. E que face aos problemas com o Bloco (e insisto em continuar a ver erros dos dois lados) não vislumbrava outra saída a Sá Fernandes. Torço para que realize um bom trabalho. Porque é uma pessoa competente, séria e porque tem um projecto capaz para a cidade, um projecto que é o sonho de um outro grande lisboeta, o arquitecto Gonçalo Teles.

Face ao que disse e nas actuais circunstâncias se votasse em Lisboa o meu voto seria em Luís Fazenda e no Bloco. Mas poderia ser, perfeitamente e sem preconceitos, na lista de António Costa, se as coisas tivessem sido feitas de outra forma. A forma de que falei atrás.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Um passo atrás agora para dois passos à frente a seguir


Os trabalhadores da Auto-Europa decidiram em plenário recusar trabalhar aos sábados, concretamente em seis sábados num ano, pagos como trabalho normal e não como trabalho extraordinário, no caso de um pico de trabalho o justificar, e para os trabalhadores que já tivessem beneficiado de 22 dias sem produção este ano. Em contrapartida não haveria despedimentos dos 250 trabalhadores contratados a prazo durante 2 anos, nem seria necessário fechar um dos turnos ou o recurso a soluções tipo lay-off.

Ao que li o pagamento de seis sábados como trabalho normal e não como extraordinário, grosso modo, significa uma perda por trabalhador de 150 euros num ano. Sinceramente 150 euros nada valem se do outro lado estão garantias importantes e extremamente solidárias como: a) a garantia da permanência de emprego, durante 2 anos, para os 250 trabalhadores contratados a prazo b)a garantia de continuação dos turnos, com todas as consequências, em termos salariais e como garantia do posto de trabalho c) o não entrar em conflitos perigosos em tempos de refluxo do movimento dos trabalhadores.

Não será o melhor acordo, certamente. Haverá aproveitamentos da conjuntura para retirar regalias ou suspender direitos. Mas é um acordo bom. Especialmente porque salvaguarda princípios de solidariedade com trabalhadores precários, não cria dificuldades acrescidas à economia local, empresas e trabalhadores, que dependem da Auto-Europa.

É verdade que os trabalhadores da Auto-Europa, de alguns anos para cá, têm perdido algumas coisas, mas também parece ser verdade que em matérias de direitos, regalias, condições de trabalho, remunerações se encontram bem à frente de outros trabalhadores da mesma área de actividade. E tal deve-se em muito, não apenas à capacidade reivindicativa dos trabalhadores mas à capacidade, sagacidade, inteligência da Comissão de Trabalhadores e em especial do seu coordenador, António Chora, agora, mais do que nunca, atacado de forma infame por sectores ligados ao PCP. É olhar para alguns blogues e especialmente para as paletes de comentários injuriosos espalhados pela blogosfera.

sábado, 13 de junho de 2009

Ataque infame na ressaca de uma dor de cotovelo

O PCP teve um bom resultado nas europeias. Como teve o PSD o CDS e o Bloco de Esquerda. Só que os resultados de uns foram melhores que outros, mesmo assim, como teria de ser. Desde logo o do PSD ao bater o PS contra todas as expectativas e todas as sondagens. E depois o Bloco porque obteve o melhor resultado eleitoral de sempre, dobrando o número de votos, triplicando o número de deputados e sendo a terceira força política mais votado, logo a seguir do PSD e PS. As coisas são como são. Os votos de cada partido são a expressão, no momento, do merecimento que os eleitores lhes atribuem. Quem decide o que cada um vale são os eleitores, goste-se ou não. Mas há sempre quem se sinta injustiçado. É normal. Normalmente são desculpas para esconder as suas próprias fragilidades: Em captar apoios, capitalizar descontentamentos, em fazer passar a sua mensagem. Apesar de ter crescido eleitoralmente o PCP ficou com uma dorzinha de cotovelo. Foi visível na noite eleitoral. E está a custar-lhes muito. A razão foi a do Bloco ter alcançado o PCP em número de votos e de deputados. Compreendo-os. Mas a democracia é isto. Os eleitores fazem as escolhas que entendem melhor. E se deram mais votos ao Bloco que ao PCP, desta vez, foi porque considerou ser mais merecedor. Não faz pois sentido tanta acidez e ataques infames contra o Bloco por causa disso. Veja-se este artigo no Avante de que extraio esta parte: "não pudemos deixar de reparar no brilho dos olhos dos dirigentes e eleitos do Bloco de Esquerda, exorbitados, bebendo as palavras de Sócrates, aguardando algum sinal que lhes desse poleiro. Ficou à vista o que pretende este agrupamento político que se veste de esquerda para arrebanhar votos do PS. Não para a ruptura e a mudança. Mas tão só para alcançar o degrau, o banco, a cadeira, o lugar à mesa de uma esquerda que faz a política de direita. Tal como inchou o balão do BE na noite das eleições, vai esvaziar certamente na frustração do poder. Ou, no caso de a tentação ser grande e sagaz a esperteza de quem os levou ao colo durante todas as campanhas e mesmo fora delas, se vier a concretizar-se a aliança de um casamento a bem-da-nação, o balão nem sequer esvazia. Rebenta mesmo." Simplesmente lamentável!

domingo, 24 de maio de 2009

Parabéns ao PCP

 
(imagem dorl.pcp)

O PCP saiu à rua numa demonstração de impressionante capacidade de mobilização e de crença dos militantes e simpatizantes nos seus ideais políticos. Eu que tenho com o PCP, de sempre, uma relação de "amor-ódio" não posso, neste momento, deixar de dar os meus parabéns por esta iniciativa, significativa de que o PCP está bem vivo. Sem nenhuma dúvida o PCP é absolutamente necessário em qualquer processo de convergências das esquerdas. Tem é que deixar de pensar que são a esquerda e o resto é paisagem. Sem sectarismo, sem tentações de liderança e vanguardismos, a esquerda pode ser grande. Independentemente do meu voto já estar definido há muito no Bloco de Esquerda, desejo sinceramente um reforço eleitoral do PCP em número de deputados, como de resto ao Bloco, para acabar com as maiorias absolutas. Desde já com a do PS.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Ser livre é poder optar sem medos.

Ser livre é poder optar sem medo das consequências. Aplicar consequências a um exercício de liberdade é prepotência. O Partido Comunista Português na sua peculiar concepção de direitos e liberdades, mandou instaurar um processo de inquérito a três militantes, dirigentes sindicais do Sitava, por terem apoiado uma lista diferente da patrocinada pelo partido. Recai assim, sobre os militantes o “crime” de serem pessoas livres. Não é a primeira nem será a última vez. Estranha concepção de democracia.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Condenada ao fracasso

O apelo a uma convergência das forças de esquerda para concorrerem unidas ao município de Lisboa é uma ideia eventualmente bem-intencionada mas condenada ao fracasso, mesmo que, realizando-se as eleições em Outubro, houvesse ainda tempo para desenhar um programa político minimamente consistente e capaz de juntar consensos, em volta das linhas fundamentais dos projectos de cada uma e de todas as forças de esquerda envolvidas.

Uma unidade prática destas forças, sem predomínio de nenhuma delas (embora naturalmente encabeçada por António Costa), apostadas apenas na causa pública, na transparência e rigor das decisões com uma componente forte de participação popular, com um programa de reabilitação e requalificação da cidade, nas áreas do urbanismo, da habitação, dos transportes, do ambiente, da limpeza urbana, num modelo de mobilidade das pessoas e viaturas ajustado, no aproveitamento dos recursos técnicos e humanos municipais, numa reorganização dos serviços, reestruturação das empresas municipais, no saneamento financeiro, seria um passo importante para recuperar Lisboa e marcar, pelo exemplo, uma política de urbanismo em todo o país..

Contudo, este apelo está condenado à partida por várias razões, das quais a primeira responsabilidade é a de António Costa. Cito sete exemplos: a) a de não tomar a iniciativa, como representante do maior partido, de conversar com as outras forças b) a de, face à impossibilidade legal de coligações com movimentos, como o de Helena Roseta, não ter apresentado uma alternativa aceitável que integrasse aquele movimento na convergência c) a de não abdicar dar uma mãozinha ao Governo e ao partido, a pensar noutras eleições, tirando partido do momento d) a de não propor apresentarem-se como uma lista de cidadãos, sem símbolos partidários, apoiada pelos partidos, mas sem a participação dos principais responsáveis, para evitar confusões e oportunismos e)o de ter desferido no congresso do PS um violento ataque ao Bloco acusando-o de parasita.

Se a isto juntarmos um PCP que recusa acordos com o PS de Sócrates (mesmo municipais), como já o tinha feito nas eleições de 2005, misturando eleições de tipo diferente (quando não teve pejo em fazer acordos, agora e no passado, com o PSD) e com um Bloco de Esquerda, extemporaneamente a decidir em Convenção Nacional, não fazer coligações nas autarquias com o PS (e a direita naturalmente), está tudo dito: Não vai haver convergências de esquerda em Lisboa!

E pese as boas intenções de algumas pessoas que fazem este apelo de forma genuína, ele só serve, neste momento, o PS, Sócrates e António Costa que aproveitarão, demagogicamente este falhanço, para responsabilizar os partidos de esquerda, com a cassete do costume: são forças extremistas, de contra-poder, apenas sabem criticar, recusam assumir responsabilidades executivas.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sectarismo puro e duro

"O CC do PCP alerta para manobras que, a exemplo das protagonizadas pelo BE e Manuel Alegre, se assumem com um carácter sectário e divisionista, determinadas pela obsessiva intenção de disputar influência ao PCP e conter o seu reforço e crescimento, contribuem para branquear o Governo do PS, a sua política, quem a pratica e sustenta, e são na prática comprometedoras da necessária convergência de forças democráticas e de esquerda para uma ruptura com a política de direita e a aplicação de uma política alternativa de esquerda."
do comunicado do CC do PCP

Comentário: não me apetece comentar. Para não dizer coisas desagradáveis ... a quente.
(via Spectrum)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ter uma boa oposição é bom. Mas é tempo de ter um bom governo.

Greve geral de centenas e centenas de milhares, manifestação nacional de mais de duas centenas de milhares de trabalhadores, dezenas de milhares de populares nas ruas, em todo o país, contra os fechos dos serviços de urgência e escolas, centenas de milhares de funcionários públicos em greves, inflamados protestos dos reformados, médicos, enfermeiros, juízes, polícias, militares. As maiores manifestações e greves de sempre dos professores, em continuidade. Quebra de promessas eleitorais. Falhas na palavra dada. Ataques aos direitos dos trabalhadores. Diminuição dos valores das reformas. Mais desemprego, precariedade, perda de poder de compra. Trapaças políticas. Favorecimento dos banqueiros. Um verdadeiro vendaval tem varrido este país nos últimos três anos.

E que sobra disto? As sondagens vão dizendo-nos que o PS se prepara para ganhar novamente as eleições e com maioria absoluta! Eu previra-o.

Se o PSD não existe neste momento, se o CDS não tem estofo, se o PCP apresenta-se como sempre, uma força de protesto, puro e simples, a tudo e a nada, e o Bloco se satisfaz com o seu crescimento eleitoral e mais alguns deputados, de que estavam todos à espera? Que alternativas têm quem precisa mais? Quem lhes pode oferecer alguma coisa, por pouco que seja? Um salário mínimo, um emprego mínimo, um rendimento mínimo, o direito a uma vida mínima? O PS ou o PSD. Ninguém mais se "oferece" para governar esta é que é a verdade. O PCP e o Bloco parecem apenas estar interessados em disputar outro campeonato. O de saber quem fica à frente ...na oposição. A mim parece-me natural pois, que o PS ganhe com facilidade as próximas eleições.

Eu, cá por mim, culpo esta esquerda. A esquerda à esquerda do PS. Em especial o Bloco. Porque nos apareceu portador de um projecto novo, consistente, plural, aglutinador das esquerdas. Porque é nesta esquerda que posso acreditar. Porque não acredito, não confio, já mostraram o que valem e que interesses servem os que sempre nos governaram. Mas para isso é preciso que essa esquerda queira. E muito sinceramente, parece-me que não quer. Não querem. Por muito que falem em convergências. Em construir alternativas de esquerda. As pessoas que precisam mais, que precisam a sério, não votam em oposições. É por isso que o PS ganha. É por isso que acho que talvez fosse bom o aparecimento de um novo partido à esquerda. Para romper com esta acomodação à oposição parlamentar. O povo, em especial o mais pobre, merecia mais que uma boa oposição.

sábado, 29 de novembro de 2008

Conversa da treta

Jerónimo de Sousa, há pouco mais de um mês, em declarações à imprensa, surpreendeu ao propor "uma convergência das esquerdas" a todas as "forças políticas, forças sociais, personalidades que se identifiquem com a necessidade de ruptura", sublinhado com um "nós não excluímos ninguém" para incluir o Bloco de Esquerda, numa "alternativa de esquerda" destinada a romper com a política do PS.

Agora, na intervenção de abertura do XVIII Congresso do PCP, Jerónimo de Sousa, se dúvidas houvesse, vem mostrar que é um político falso, como tantos outros e que afinal aquela proposta não passava de uma manobra de diversão, tal como aliás, afirmei aqui.

Disse Jerónimo de Sousa no Congresso.
. Sobre os socialistas de esquerda do PS: "as suas movimentações" visam travar a "erosão do PS", "alimentar ilusões" e tentar "suster" a subida dos comunistas.
. Sobre o encontro das esquerdas em 14 de Dezembro: "o desenvolvimento de outros projectos políticos tenderão para assegurar as condições que permitam a sobrevivência da política de direita".
. Sobre o Bloco de Esquerda: "um partido social-democratizante disfarçado por um radicalismo verbal esquerdizante", "a sua concorrência é sempre contra o PCP, caindo muitas vezes no anticomunismo".

Sendo assim a sua proposta de "convergência das esquerdas" e da criação de uma "alternativa de esquerda", reduz-se, como sempre à "velha" CDU. Tanta treta para nada. O PCP como se vê não está interessado (nem valoriza) qualquer esforço de entendimentos à esquerda. O PCP tem uma cultura de controlo e de vanguarda que impedem qualquer unidade na diferença.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Agiotagem, marosca ou uma boa solução?

A possibilidade de se vender a casa, ao preço do capital em dívida ou do valor do mercado e de a poder recomprar mais tarde, baseado exactamente nas mesmas condições ou pressupostos da venda, parece-me uma forma interessante de ultrapassar as dificuldades intransponíveis das famílias, que não tendo condições de assumir os compromissos com o crédito da habitação, evitam a penhora da casa, permitindo-lhes ganhar tempo e algum fôlego, garantida que fica a permanência na mesma, através de um contrato de arrendamento, no intervalo da venda e da recompra, a preços que permitam reduzir a sua mensalidade de forma mais ou menos razoável.

Melhor do que isto, sendo razoável, não consigo vislumbrar, apesar de o PCP falar em agiotagem e o Bloco de Esquerda em marosca, a não ser através de uma descida efectiva e razoável das taxas de juro (só possível à escala europeia) ou de medidas muito pontuais para os sectores mais aflitos, como os que caíram no desemprego, por exemplo, através de bonificações do Estado. Mas isto é eu a dizer que sou muito limitado nestas questões, como noutras, graças a Deus (nada aqui como atirar a culpa a alguém e Deus (se existisse) até mereceria).

Eu diria que, antecipando dificuldades, o melhor é esperar para ver, esperando que esta seja uma oportunidade para vender um património imobiliário que creio se está a desvalorizar, que estará em alguns casos, parcialmente pago, e que tendo um comprador, a querer pagar um preço justo (segundo o que li o valor será o que resultar da média de duas avaliações independentes), se possa aproveitar o remanescente da venda, para umas economias ou uns gastos mais compatíveis, continuando com o privilégio de morar no mesmo sítio.

Mas quase de certeza que estou a ver mal o assunto. E mais do que isto não estou em condições de dizer, dado que desconheço em detalhe, como funcionam ou vão funcionar os Fundos de Imobiliário e Arrendamento previstos para dar corpo a este projecto e os riscos inerentes.

Que fique claro que não estou à espera que o Estado ou os privados nos dêem qualquer coisa. Do Governo espero apenas que esta medida não seja para lixar os mais pobres em benefício dos ricos. Seria, no actual contexto de grandes dificuldades, um verdadeiro acto criminoso. Depois de perderem o emprego, virem reduzidas as suas pensões, perderem direitos sociais, em nome do futuro, seria maquiavélico e um acto de terrorismo, perderam também a sua casa, a troco de nada. Dos privados, nada a esperar também a não ser a possibilidade de fazer um negócio que possa satisfazer as partes, com uma ajudinha do Estado, desta vez inclinando-se mais para o lado dos que mais que precisam. Vamos aguardar, serenamente.
 

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