O apelo a uma convergência das forças de esquerda para concorrerem unidas ao município de Lisboa é uma ideia eventualmente bem-intencionada mas condenada ao fracasso, mesmo que, realizando-se as eleições em Outubro, houvesse ainda tempo para desenhar um programa político minimamente consistente e capaz de juntar consensos, em volta das linhas fundamentais dos projectos de cada uma e de todas as forças de esquerda envolvidas.
Uma unidade prática destas forças, sem predomínio de nenhuma delas (embora naturalmente encabeçada por António Costa), apostadas apenas na causa pública, na transparência e rigor das decisões com uma componente forte de participação popular, com um programa de reabilitação e requalificação da cidade, nas áreas do urbanismo, da habitação, dos transportes, do ambiente, da limpeza urbana, num modelo de mobilidade das pessoas e viaturas ajustado, no aproveitamento dos recursos técnicos e humanos municipais, numa reorganização dos serviços, reestruturação das empresas municipais, no saneamento financeiro, seria um passo importante para recuperar Lisboa e marcar, pelo exemplo, uma política de urbanismo em todo o país..
Contudo, este apelo está condenado à partida por várias razões, das quais a primeira responsabilidade é a de António Costa. Cito sete exemplos: a) a de não tomar a iniciativa, como representante do maior partido, de conversar com as outras forças b) a de, face à impossibilidade legal de coligações com movimentos, como o de Helena Roseta, não ter apresentado uma alternativa aceitável que integrasse aquele movimento na convergência c) a de não abdicar dar uma mãozinha ao Governo e ao partido, a pensar noutras eleições, tirando partido do momento d) a de não propor apresentarem-se como uma lista de cidadãos, sem símbolos partidários, apoiada pelos partidos, mas sem a participação dos principais responsáveis, para evitar confusões e oportunismos e)o de ter desferido no congresso do PS um violento ataque ao Bloco acusando-o de parasita.
Se a isto juntarmos um PCP que recusa acordos com o PS de Sócrates (mesmo municipais), como já o tinha feito nas eleições de 2005, misturando eleições de tipo diferente (quando não teve pejo em fazer acordos, agora e no passado, com o PSD) e com um Bloco de Esquerda, extemporaneamente a decidir em Convenção Nacional, não fazer coligações nas autarquias com o PS (e a direita naturalmente), está tudo dito: Não vai haver convergências de esquerda em Lisboa!
E pese as boas intenções de algumas pessoas que fazem este apelo de forma genuína, ele só serve, neste momento, o PS, Sócrates e António Costa que aproveitarão, demagogicamente este falhanço, para responsabilizar os partidos de esquerda, com a cassete do costume: são forças extremistas, de contra-poder, apenas sabem criticar, recusam assumir responsabilidades executivas.
Operários de duas fábricas da PepsiCo entraram em greve no dia 25 de
novembro contra as escalas 6x1 e 6x2. Por Luta Operária e Treta no Trampo